O acidente vascular cerebral (AVC) acontece quando há uma interrupção ou redução grave do fluxo sanguíneo para o cérebro, que pode ser provocada por obstrução ou rompimento de vasos, levando à paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. No Brasil, a doença é uma das principais causas de morte e incapacidade de acordo com o Portal da Transparência do Centro de Registro Civil (CRC), com base em dados dos atestados de óbitos, a mortalidade por AVC permanece superior ao infarto. Em 2024, o número chegou a 85.065 mortes, contra 77.477 causadas por infarto.
O Dr. Celso Vilella Matos, médico fisiatra, explica que reconhecer rapidamente os sinais do AVC e assegurar atendimento de emergência, seguido de início precoce da reabilitação, é fundamental para reduzir sequelas e preservar a qualidade de vida. “É preciso suspeitar quando há sorriso torto, fraqueza ou dormência em braço ou perna, dificuldade para falar ou fala confusa e perda súbita de coordenação ou equilíbrio”, explica o especialista. O médico reforça também que informação correta é uma aliada para salvar vidas e preservar a autonomia do paciente. “O AVC não significa necessariamente que a pessoa ficará permanentemente incapacitada. Com diagnóstico rápido e reabilitação precoce, é possível recuperar funções, prevenir complicações e ter qualidade de vida. Informação, ação rápida e reabilitação precoce são os principais pilares para reduzir o impacto da doença e preservar a independência do paciente”, avalia.

As sequelas variam conforme a área e a gravidade do AVC, podendo incluir fraqueza em um lado do corpo, dificuldade na fala, problemas para engolir, alterações cognitivas, fadiga, espasticidade muscular (contração contínua dos músculos) e até depressão. “Esses desafios também têm impacto social e familiar, principalmente quando o paciente é o provedor de renda ou exerce função de liderança. A família precisa se reorganizar, o que pode gerar sobrecarga e estresse”, pondera o médico.
O suporte de familiares e cuidadores é fundamental para a adesão ao tratamento. “Eles ajudam na execução dos exercícios, reforçam orientações, repetem em casa o que foi aprendido no centro de reabilitação e contribuem para reintegrar o paciente às atividades diárias. Porém, também precisam de apoio e orientação para evitar sobrecarga emocional e física”, afirma o fisiatra.
Abaixo, o especialista esclarece os principais mitos e verdades sobre o AVC:
“Depois do AVC, não há recuperação”
Mito. A extensão e o tipo de AVC influenciam no prognóstico, mas muitas pessoas conseguem recuperar parcialmente ou até totalmente as funções, especialmente com início rápido da reabilitação.

“A reabilitação precoce é determinante”
Verdade. Iniciar nas primeiras horas ou dias após o AVC aproveita o período de maior plasticidade cerebral, potencializando ganhos funcionais e reduzindo sequelas.
“É preciso fazer repouso absoluto após o AVC”
Mito. O repouso prolongado pode gerar complicações como deformidades, contraturas musculares, úlceras e vícios posturais. A reabilitação deve começar ainda no hospital, assim que o quadro estiver estabilizado.
“A espasticidade pode ser tratada para melhorar a qualidade de vida”
Verdade. A espasticidade é um aumento anormal do tônus muscular, que deixa os músculos rígidos e limita os movimentos. Afetando cerca de 1 em cada 3 pacientes, a espasticidade pode dificultar atividades como caminhar, vestir-se ou usar as mãos. O tratamento com toxina botulínica A, associado à fisioterapia, ajuda a reduzir a rigidez, aliviar o desconforto e facilitar a realização das tarefas diárias.

“Apenas medicamentos garantem a recuperação funcional”
Mito. Embora importantes para prevenir novos eventos e tratar causas associadas, os medicamentos não substituem exercícios e terapias de reabilitação, fundamentais para restaurar habilidades motoras e cognitivas.




