Importantes para o bom funcionamento do corpo, eles são responsáveis pela produção dos hormônios que controlam a pressão arterial e podem ser afetados pela Covid-19
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia , mais de dez milhões de pessoas no Brasil têm doença renal crônica e 90 mil precisam da diálise – tratamento para eliminar substâncias tóxicas e estimular a função dos rins. Esses órgãos são responsáveis pela produção dos hormônios que controlam a pressão arterial e que participam da formação de glóbulos vermelhos, evitando a anemia e agindo na ativação da vitamina D. “Na maior parte das vezes a doença renal se manifesta de forma silenciosa, com poucos sintomas identificáveis, como aumento da pressão, anemia, enjoos, edema (inchaço) e diminuição de urina ou urina espumosa”, conta Daphnne Camaroske Vera, nefrologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo .
A preservação dos rins, portanto, é de extrema importância e depende da performance de todos os outros órgãos, ou seja, o bom funcionamento deles depende de um organismo saudável. “O principal cuidado é a prevenção. Os rins são órgãos que podem ser prejudicados pela Covid-19 e, por isso, é importante mantê-los em pleno funcionamento”, explica a médica. Manter hábitos saudáveis contribui para isso como, por exemplo, ter uma alimentação saudável, pobre em sal e rica em vitaminas, oleaginosas, carboidratos de baixo índice glicêmico (como os legumes) e proteínas com baixo teor de gordura (peixes e frangos, por exemplo); além de beber bastante água, controlar o peso, praticar atividade física, não fumar e evitar o uso indiscriminado de anti-inflamatórios.
Entretanto, mesmo com todos os hábitos saudáveis eventualmente é possível desenvolver enfermidades por causa da pré-disposição genética. “Por isso, é importante realizar exames de rotina para detectar o processo de adoecimento renal em estágio inicial, possibilitando um controle precoce e reduzindo agressões decorrentes da doença. Alguns dos exames mais indicados são a dosagem de colesterol, glicemia, creatinina, ureia, ácido úrico, vitamina D e ultrassonografia de rins e vias urinárias, duas vezes ao ano”, recomenda a nefrologista.
A perda da função renal pode ocorrer de forma aguda (que surge de repente) ou crônica e as causas são diversas. “Quando a porcentagem do rim funcional é inferior a 20%, pode-se afirmar que a insuficiência renal crônica está em fase avançada. Uma vez descoberto o problema renal, independentemente do estágio de disfunção, o paciente deve ser encaminhado para um nefrologista”, alerta a médica.
Nas fases iniciais (estágios 1 e 2), o cuidado mais importante a ser tomado é o controle da doença causadora do problema renal. “Nessas fases, podemos atuar por meio de dietas, controle da pressão e da glicemia ou fazendo o ajuste de medicamentos para retardar a evolução da doença renal. A partir do estágio 3, quando os rins têm funcionamento de 30 a 59%, o tratamento já deve ser iniciado com controle da anemia e das alterações de eletrólitos (potássio, cálcio e fósforo), bem como por reposição de vitamina D e ajuste do pH do sangue com reposição de bicarbonato”, conta Daphnne.
Em estágios mais avançados, o tratamento pode incluir hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal. Eles são vitais para o paciente, uma vez que a não realização ou perda de alguma sessão de hemodiálise pode ser fatal. “A escolha da metodologia de tratamento deve ser discutida com o paciente. A hemodiálise e a diálise peritoneal são métodos substitutivos da função renal, fazendo a filtragem do sangue e retirada de toxinas da circulação”, conclui a nefrologista.