O percentual da população acima de 20 anos considerada obesa mais que dobrou em 16 anos, segundo IBGE
O sobrepeso e da obesidade afetam não só a saúde cardiovascular. Os quilinhos a mais também podem causar danos aos joelhos. Estima-se que cada quilo a mais na balança represente oito quilos de sobrecarga para o joelho. Quando são 10, 20 ou ainda 30 quilos extras, o funcionamento dos joelhos pode ficar comprometido.
Os dados do IBGE apontam que 60% da população brasileira está com sobrepeso e uma em cada quatro está obesa. Vários estudos ao longo dos anos mostraram que a obesidade é uma das causas mais comuns de diminuição da vida útil dos joelhos. Entre as patologias mais prevalentes está a condromalácia patelar.
Segundo a Sociedade Americana de Ortopedia, cerca de 40% dos problemas de joelhos diagnosticados estão relacionados com o desgaste da cartilagem patelar
Por dentro da condromalácia
De acordo com Walkíria Brunetti, fisioterapeuta especialista em Pilates e RPG, a condromalácia patelar, também chamada de dor fêmur-patelar, se caracteriza pelo amolecimento seguido da fragmentação da cartilagem articular, como consequência de alterações no mecanismo de extensão dos joelhos. “Basicamente a patela começa a deslizar lateralmente em vez de deslizar para cima e para baixo”.
Patela é nome atual da rótula, um dos ossos que formam a articulação do joelho. A patela tem duas funções importantes: a flexão e, principalmente, a extensão dos joelhos. “É essa estrutura que evita o atrito da musculatura do joelho com o fêmur, por meio do escorregamento. Tanto que podemos sentir a patela indo e voltando quando dobramos a perna, por exemplo”, explica Walkíria.
“O sobrepeso pode alterar esse deslizamento da patela, levando a um atrito da cartilagem patelar com a cartilagem interna do fêmur. Assim, a biomecânica do joelho fica prejudicada e, com o tempo, pode levar ao processo de degradação da articulação”, explica Walkíria.
A condição afeta mais mulheres que homens. Esportes de alto impacto, como corridas e treinos de crossfit também exigem muito dos joelhos. “Caso a pessoa não tenha uma musculatura de membros inferiores fortalecida, com o tempo pode desenvolver a condromalácia”, ressalta a fisioterapeuta.
Dor ao descer escadas?
Um dos principais sintomas da condromalácia patelar é dor ao subir ou descer escadas. Levantar-se do sofá ou cadeira, bem como agachar para pegar objetos no chão também podem piorar a dor.
Tratamento deve ser precoce
Quando a condromalácia aparece em jovens adultos, deve ser tratada adequadamente. Isso porque pode levar ao desenvolvimento da osteoartrose (OA) prematura. Uma das piores consequências da OA nos joelhos é a necessidade de colocação de uma prótese. Além disso, pode reduzir a mobilidade e a independência precocemente.
O tratamento é conservador, ou seja, sem necessidade de cirurgia. Porém, a lesão na cartilagem é para sempre, não pode ser revertida. Um dos pontos mais importantes na reabilitação é o fortalecimento dos músculos estabilizadores da patela.
Correção da pisada é essencial
A reabilitação de quem chega com dor no joelho envolve diversos recursos. “Normalmente, o paciente chega com um quadro doloroso muito importante. Nessa primeira fase são usados aparelhos que visam à analgesia e à redução do processo inflamatório. Ao mesmo tempo, analiso a pisada do paciente. Isso porque a sobrecarga da articulação também está ligada à forma que a pessoa apoia os pés na caminhada”, diz Walkíria.
A especialista explica que em poucas sessões é possível organizar a pisada visando ao reequilíbrio do joelho. A correção da pisada envolve o alongamento da fáscia plantar, alongamento da parte da frente das coxas e da parte posterior do joelho.
“Também inclui exercícios de fortalecimento de toda a musculatura que participa dos movimentos do joelho. Por último, é preciso conscientizar o paciente sobre a continuidade dos bons hábitos posturais para prevenir um agravamento do quadro”.
“A perda de peso é essencial. Além disso, há contraindicação para algumas atividades que podem piorar a dor, como a corrida, agachamentos, pular corda. Tais esportes devem ser feitos com muita cautela”, finaliza Walkíria.