Por Marcelo Arone*
31 de dezembro de 2019. 23h e 57minutos Família toda reunida. Aquela cena clássica de Ano Novo. Correria para pegar o Champanhe no freezer. Preparativos para o início da contagem regressiva. Taças em mãos! Primeiro ano a ser celebrado ao lado do meu filho, junto a todas (ou quase todas) as pessoas mais especiais que fazem parte da minha vida com aquele olhar de esperança e alegria.
Adoro aquele poema do Drummond que fala sobre a renovação da virada de ano (perdi as contas de quantas vezes mandei ele para clientes e amigos já). Esperem! Parem as máquinas! 2020 precisa mesmo chegar?
Como a personificação do tempo, recorrendo a mitologia grega, nos trouxe Chronos e Kairós, 2020 deveria recorrer a um terceiro modelo para me explicar como os meses foram medido nesses últimos 12 meses. Até agora não consigo dizer. Estou em dezembro, mas me sinto preso em Março ainda. Para mim o carnaval foi há duas semanas. Não me dei conta de aniversários ou casamentos não celebrados, Páscoa, São João, Outono, Inverno, etc…
Mas, sim, 2020 chegou. E já foi embora. Porque tinha que chegar, passar, ensinar e ir embora mesmo. E se você está lendo esse texto podemos juntos agradecer simplesmente por estarmos aqui. Nem todos conseguiram. Sem querer romantizar a tragédia, mas fizemos parte da história. Vivemos ela e tivemos nossa geração marcada por isso. Daqui a 30/40 anos provavelmente não lembraremos muito para contar aos nossos netos sobre 2015, 2016, 17, 18 ou mesmo 2022, 23,24 e 25. Mas de 2020 sim. 2020 e 2021.
Mas o ponto aqui não é tão somente passar por isso. Mas se perguntar o que isso trouxe para você? O que te ensinou? Que tipo de pessoa você se tornará após descobrir que os anticorpos mais desejados do planeta estarão correndo pelo seu organismo? Não, você não será mais o mesmo. Sabe disso. Talvez até já tenha a imunidade desejada, mas deve se pegar pensando o que irá fazer quando tudo isso passar.
Aposto numa alegria coletiva e contagiante. Onde pessoas passarão a valorizar momentos relativamente simples até então. Isso em qualquer aspecto da sua vida. Seja ela pessoal ou profissional. Um passo antes, me peguei pensando e comparando quem eu era há 12 meses e como estou hoje. Nesse exercício de reflexão me dei conta de 4 grandes aprendizados que conversam entre si logo de cara:
Em um momento de crise e incertezas você precisa estar mentalmente muito forte. Não adianta. Para passar por essa turbulência tem que estar bem consigo primeiro para poder fortalecer os outros. Seja seu time, seja sua família, sejam pessoas que interagem profissionalmente contigo.
Ter a possibilidade de trabalhar Home Office não quer dizer que trabalhará menos. Muito pelo contrário. Se possui esse privilégio use ele a seu favor. Monte uma rotina e tire aquelas horas de locomoção para o escritório para um hobby próprio ou para sua família. Tenha disciplina e compromisso com seu empregador, mas não deixe que o trabalho te consuma num ponto onde sua vida pessoal será afetada. Caso contrário o primeiro aprendizado da lista acima entrará em cheque.
Seja um profissional focado e concentrado. Para que as horas do seu dia de trabalho sejam produtivas desligue tudo aquilo que pode “roubar” seu tempo e dispersar sua atenção. Redes sociais, WhatsApp, Informações em excesso, etc… exemplo particular do meu lado: No início da pandemia, um grande canal de notícias fez sua estreia no Brasil. Na ânsia de entender o que estava ocorrendo e de ficar informado sobre os fatos por algumas semanas me peguei praticamente o dia todo de olho na televisão. Naturalmente pelo contexto que passávamos (e ainda passamos) a cada 10 minutos era alguma notícia ruim que eu via e isso me consumia por dentro deixando minha energia muito baixa. A partir do momento que desliguei a TV e qualquer outro meio que me bombardeasse de conteúdo ou informações uma tarefa que estava levando 1 hora para ser feita era entregue em 20 minutos.
Priorize seus parceiros já existentes e que conheçam seu trabalho. Serão eles que irão se reerguer contigo quando a tempestade passar. Em uma crise, muito dificilmente, um cliente novo começa a trabalhar contigo depois de lhe conhecer numa reunião virtual. Retome contatos antigos, deixe sua agenda disponível a clientes recorrentes e traga a eles insights e informações positivas de mercado baseado na sua experiência e em todos os itens acima.
Espero que daqui a 1 ano a normalidade seja vivenciada não como “novo”, mas como evolução mesmo. Que 2021 seja, assim como o ano inicial da década, um ciclo de retomada e prosperidade.
Quem é Marcelo Arone?
Marcelo Arone é Headhunter, especialista em recolocação executiva e sócio da OPTME RH, com 12 anos de experiência no mercado de capital humano. Formado em Comunicação e Marketing pela Faculdade Cásper Líbero, com especialização em Coach Profissional pelo Instituto Brasileiro de Coaching.