*Érica Gomes
As dificuldades do ano de 2020 foram incontáveis. Foi necessária muita adaptação e perseverança. A digitalização foi a grande salvação de muitas empresas, o e-commerce cresceu além do esperado e, portanto, entender o que irá nortear o próximo ano se torna fundamental.
A consultoria Kantar apresentou em novembro o estudo “Media Trends & Predictions”, com tendências e previsões para a mídia em 2021. O relatório tem uma série de artigos com opiniões de especialistas da empresa, analisando dados de crescimento nesse ano e tendo em mente o que pode acontecer ano que vêm.
Cabe destacar que as relações de consumo estão se tornando cada vez mais complexas nesse momento. A revolução digital, também chamada de revolução 4.0 ou quarta revolução industrial, é um fenômeno em larga escala, que foi acelerado com a pandemia.
O mercado digital, além de diverso em conteúdo e produtos, conta com consumidores mais críticos e seletivos. Quando elaboramos uma estratégia de marketing, atualmente, são levados em consideração muito mais fatores, além de precisarmos de uma análise de dados maior, para atender ao perfil de consumo atual.
As tendências ressaltadas pelo estudo da Kantar são relevantes para auxiliar a moldar estratégias para atender a competitividade. Por exemplo, algo que vem se consagrando no ramo audiovisual, potencializado pelas plataformas de streaming, é a chamada “assinatura-bumerangue”.
Para entender esse conceito, basta entender com o funciona um bumerangue. O consumidor tenderá a migrar entre as diferentes opções de streaming de acordo com a demanda. Quanto melhor o serviço e conteúdo ofertado, mais chances de manter um público. Porém, ao que tudo indica, é que o cliente vai e volta entre diferentes plataformas. Esse padrão destaca a necessidade de monetizar a audiência em todos os meios.
Para evitar tal efeito, as companhias devem pensar em parcerias, a exemplo da Disney com o Bradesco e a Globo Play no Brasil. Quando uma marca já solidificada se une a uma emergente, a chance de fidelização da segunda aumenta, visto que carregará o peso da primeira.
Outro ponto relevante é o marketing de influência, isto é, estratégias de marketing ligadas a um influenciador digital. Cada vez mais o papel da pessoa que transmite uma mensagem está em evidência. Como dito anteriormente, o consumidor está mais crítico, pesquisa muito mais antes de tomar uma decisão e dá ouvidos a pessoas em quem confia.
A figura do influencer, que por sua reputação online é capaz de representar uma marca ou produto, se integrará cada vez mais às ações de marketing. Veremos empresas buscando figuras públicas que representem ou estejam alinhados com seu público-alvo e persona.
Essa cultura humana, ligada ao digital, traz outro ponto de interesse: a cobrança por um posicionamento das marcas. Cada vez mais o cliente busca por corporações que tenham discursos alinhados com os seus. Os chamados “isentos” vêm perdendo espaço para companhias que afirmam quem são e o que defendem.
Na linha de e-commerce, a pesquisa salienta a integração com as redes sociais. Como por exemplo, o WhatsApp lançou o botão de compra para as contas corporativas. Isso facilita a experiência do usuário, criando um canal de vendas através do aplicativo de mensagens.
A pandemia também aproximou novamente as pessoas. As mais diferentes famílias precisaram dividir espaço em casa e com isso a televisão se tornou ponto de encontro. Isso fortalece o mercado televisivo que vinha sofrendo quedas com o aumento do streaming.
Em dados publicados na pesquisa, é notável que, enquanto fechávamos as portas no país, o consumo de mídia crescia de forma importante. Só em abril, a navegação na internet aumentou em 64%; o consumo de vídeo online em 54%; e o engajamento em mídia social em 56%. Ao passo que os consumidores estavam cada vez mais receosos com o futuro e com a economia, cerca de 77% sentiam ou esperavam sentir um impacto na renda familiar.
A natureza das redes sociais também está em transformação. Além da integração com o e-commerce, o modelo de conteúdo “in time” como do Snapchat, Instagram Stories e TikTok está em ascensão. Muitas marcas têm aproveitado desse movimento para lançar campanhas baseadas em memes ou desafios. Aliás, esse formato teve 29% mais investimento em 2020 e deve provavelmente dobrar em 2021.
O foco no presente é uma marca do mundo na pandemia. Com tanta instabilidade e diversas notícias correndo ao mesmo tempo, é difícil pensar em longo prazo. Porém, podemos estimar algumas atividades baseando-se em tendências estáveis no momento.
As redes sociais terão papel ativo no desenvolvimento de estratégias e interação com o público. Mas, o fortalecimento efetivo das marcas nesse novo mundo será através de uma mescla dos mais variados modelos de mídia.
*Érica Gomes- Partner da LC4 Comunicação, Marketing e Estratégia