Cristina Ocdy
Vejo o setor de eventos como uma máquina que impacta diversas engrenagens da economia. O segmento foi um dos mercados mais afetados pela pandemia da covid-19 e teve que se reinventar para acompanhar as rápidas transformações dessa crise. Foi preciso inserir “óleo em seus mecanismos” para iniciar a partida para uma retomada.
Hoje, inovar não é mais um diferencial, mas sim uma necessidade. Quando digo “cultura da inovação” me refiro ao conceito sociológico da palavra cultura, ou seja, das interações sociais e comportamentais; já com a parte de inovação, quero dizer “se renovar”.
Saímos da “zona de conforto” de eventos tradicionais corporativos e sociais para o on-line ou híbrido, que reúnem características tanto de ações presenciais quanto virtuais. Alteramos nosso modo de conduzir todos os tipos de encontros, adicionamos protocolos rígidos de higienização e distanciamento social. O brasileiro, que tem o hábito de receptividade calorosa, teve que se adaptar e desenvolver um novo jeito de interagir. Atingimos o ápice da criatividade para dar continuidade aos nossos negócios.
Um exemplo dessa transformação foi o Villa Blue Tree, espaço de eventos com uma área de 6 mil m², que se reinventou e proporcionou novas opções de serviços para atender da melhor maneira as demandas do consumidor. A empresa anunciou alianças com grandes players do mercado e o lançamento de um complexo de estúdios profissionais para web streaming (transmissões on-line), lives para redes sociais, webnar e webcast.
Pensando nessa situação, creio que mudar é um grande desafio, mas é também o segredo para que uma organização esteja sempre atualizada e permaneça competitiva. Com um mundo cheio de mudanças, o ideal é que os empresários aceitem empreender nessas novas circunstâncias.
Acredito que, depois dessa crise, o setor corporativo voltará a realizar eventos presenciais, ainda que as tecnologias atuais permitam que várias operações sejam feitas remotamente. Vejo que muitos de nós não abrirão mão da importância de estar frente a frente. Além disso, penso que o comportamento do consumidor será diferente; muitos clientes vão optar por encontros em ambientes ao ar livre ou manter a opção de ações híbridas.
Outra realidade que cresceu na pandemia foi o home office, que já era uma atividade recorrente em muitas empresas. Diante do novo cenário, as organizações que ainda não tinham adotado esse método on-line tiveram que se ajustar da noite para o dia. Com o crescimento do número de pessoas prestando serviços em casa, em outubro de 2020, o Ministério Público do Trabalho (MPT) lançou uma nota com 17 recomendações técnicas para o home office, que variam entre definição de horários, direito à desconexão e até mesmo apoio tecnológico.
Com a chegada da vacina, saímos da tensão negativa para a afirmação de um futuro com uma retomada cautelosa. Não é a primeira vez que o nosso setor precisou se reinventar e não será a última. Nesse momento, precisamos nos unir e construir um retorno com dedicação, estratégia e transparência.
Cristina Ocdy, diretora de operações e vendas do Noah Gastronomia e Villa Blue Tree