*Por Susanna Marchionni
Como uma brasileira de coração, sou apaixonada pelo olho no olho e pela troca de energia que só a presença das pessoas nos proporciona. Por isso, confesso que adoro trabalhar presencialmente. Mas no contexto da pandemia e com os avanços tecnológicos, percebemos o home office ganhando espaço e se consolidando como uma modalidade fixa de trabalho das menores às maiores empresas no Brasil e no mundo.
Com as recomendações de isolamento social, vimos as pessoas que possuem casas na praia, na serra ou no interior decidindo se mudar temporariamente ou permanentemente para esses lugares com o objetivo de desfrutar da tranquilidade, da segurança e do conforto de estar longe dos centros urbanos. Realizando as tarefas de qualquer lugar, a proximidade do trabalho deixa de ser uma prioridade e dá lugar à qualidade de vida. Seria esse o nosso “novo normal”?
Passando por uma transformação tão significativa, vejo o mercado profissional impactando diretamente o mercado imobiliário e, nesse contexto, ouso dizer que as cidades inteligentes inclusivas são a resposta esperada. Em localizações estratégicas, a poucos minutos de pontos turísticos e das capitais, esse novo modelo fica perto o suficiente para quem precisa se deslocar em alguns dias da semana e distante o bastante para fugir dos problemas urbanos comuns, como os engarrafamentos, que são fruto do crescimento sem planejamento.
Indo no sentido contrário, as cidades inteligentes são planejadas com soluções adaptadas aos lugares escolhidos para recebê-las usando a tecnologia, a sustentabilidade e a infraestrutura de qualidade em favor das pessoas. E quando o foco está nas pessoas, o desafio é pensar muito além dos muros das casas. Com conexão de qualidade, Wi-Fi em áreas comuns, espaços coworking e aplicativos que facilitem a interação, os usuários controlam as tecnologias, e não o contrário.
Com mais tempo em casa, a inovação social também se apresenta como ponto importante para fazer a diferença dentro das cidades inteligentes. Soluções de lazer, espaços e equipamentos compartilhados permitem que não seja mais necessário se desconectar ou se distanciar de casa no tempo livre ou aos fins de semana para relaxar, porque tudo que é preciso está perto. A economia de tempo e dinheiro de deslocamento, por exemplo, virá a possibilidade de um passeio de bicicleta no fim da tarde ou uma pizza com a família na sexta-feira. O respiro que qualquer pessoa precisa ao fim de um dia de trabalho!
Você pode estar pensando que esse modelo inovador é um bom plano para o futuro, não é mesmo? Mas isso já é uma realidade no Brasil. Em São Paulo, no Ceará e no Rio Grande do Norte, cidades e projetos verticais inteligentes já se apresentam como opções reais e, além de tudo, acessíveis.
Com esses exemplos, acredito que é possível repensar adaptações importantes, e dentro de qualquer realidade, compreender o quanto as tecnologias tornam a vida mais prática, sem esquecer que as pessoas são, na verdade, o centro de tudo.
*Susanna é a CEO da Planet Smart City no Brasil e co-fundou a empresa em 2015, ao lado de Giovanni Savio, CEO Global. @susanna.marchionni