* Fernanda Ribeiro
Ao utilizar terra, sangue de animais ou pigmentos de plantas os homens da pré-história se comunicavam. Desenhos e pinturas rupestres ficaram impregnadas em paredes de cavernas para outras pessoas interpretarem a mensagem proposta.
As formas de comunicação mudaram, mas o desejo de se conectar com o outro sempre fez parte da vida humana. Auxiliadas pela tecnologia nos dias de hoje, as pessoas seguem se comunicando. Muitos profissionais se empenham e se especializaram em colaborar com esse processo. É o caso, por exemplo, da atividade jornalística.
Produzir informações objetivas, imparciais, mantendo o compromisso com os fatos apurados, faz parte da essência da profissão. E na comunicação cristã não é diferente. Neste mês em que se celebra o Dia Mundial das Comunicações, os jornalistas têm uma missão: “ir e ver”. O pedido faz parte da mensagem especial escrita pelo Papa Francisco em janeiro deste ano. No texto, o Pontífice aponta que “é necessário sair da presunção cômoda do “já sabido” e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las, recolher as sugestões da realidade, que nunca deixará de nos surpreender em algum dos seus aspectos”.
Francisco chama a atenção com uma expressão já conhecida, afirmando que é preciso “gastar as solas dos sapatos” em prol da informação de qualidade. Ressalta que mesmo que a tecnologia seja uma ferramenta importante nesse processo, nada substitui a presença física. “Há mais de dois mil anos que uma corrente de encontros comunica o fascínio da aventura cristã. Por isso, o desafio que nos espera é o de comunicar, encontrando as pessoas onde estão e como são”, conclui o Santo Padre.
A tarefa é ainda maior quando as circunstâncias do dia a dia são colocadas em pauta. Em uma pandemia mundial, como alcançar tal objetivo? As palavras devidamente embasadas não representam desrespeito à segurança do profissional, muito menos às determinações das autoridades de saúde. São propósitos de vida para uma sociedade que necessita viver com mais segurança e intensidade, com base no que é real.
O comunicador que trabalha com a verdade, tem esse compromisso consigo mesmo. No momento em que nem todos podem se fazer presentes, é preciso encontrar meios para exercer o trabalho da melhor forma possível. A colocação de Francisco também trata da adaptação, de sair do comodismo e fazer a diferença na arte de comunicar. Nada impede que o trabalho seja apurado com profissionalismo e que o texto, em áudio, vídeo ou impresso, seja um reflexo vivo das relações humanas.
Ao citar São Paulo, o Papa exemplifica que “sua fé, esperança e caridade impressionaram os contemporâneos que o ouviram pregar” e que “mesmo onde não se podia encontrar pessoalmente este colaborador de Deus, o seu modo de viver em Cristo era testemunhado pelos discípulos que enviava” (1 Cor 4, 17).
“Ir e ver” é, neste momento, uma questão de humanidade. Para aqueles que se empenham em encurtar as distâncias, o caminho é manter o mesmo ritmo na profissão. O que se espera é que, muito em breve, todos possam voltar a correr, de fato, atrás da notícia.
* Fernanda Ribeiro é repórter do Telejornal Canção Nova Notícias