*Por Alessandro Coelho – Presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG)
A dinâmica do setor agropecuário permitiu otimismo em um ano de pandemia e prevê para 2021 um mercado ainda mais aquecido. Apesar de números negativos na estimativa do PIB do comércio, a agricultura e a pecuária possibilitaram que a queda na economia não fosse tão agressiva, pois fomentaram o mercado externo, com aumento das exportações a preços jamais vistos antes pelo regime cambial e oferta restrita.
O mercado externo atrativo para os produtores de grãos e pecuária se estendeu para outros setores. As porteiras abertas pelo MAPA em outros países podem e vão beneficiar inclusive produtores de frutas, legumes e produtos artesanais em 2021. Segundo publicação da Conab em outubro de 2020, o aumento da comercialização das principais hortaliças e frutas in natura deve-se à modernização do setor que tornou a exportação mais recorrente e lucrativa para o produtor de pequeno porte e/ou de sistema familiar de produção, os quais abastecem o Ceasa, instituição responsável pela chegada dos produtos até o consumidor final.
Mato Grosso do Sul, por exemplo, que importa mais de 80% de suas frutas e verduras, tem um campo a ser explorado que pode estimular a geração de empregos e renda, com uma produção que necessita de incentivo público.
Os preços das hortaliças em 2020, apesar de estarem elevados, estão abaixo dos preços médios do início de 2019. Esse fato se deve às variações climáticas que ocorreram no segundo semestre de 2020 afetando a produção e a oferta. A tendência é de alta, inclusive nos valores médios de comercialização das frutas, em cerca de 5%. Um exemplo é o mercado da laranja, já que a demanda por frutas cítricas, ricas em vitamina C, aumentaram no período de pandemia devido à busca pelo aumento da imunidade.
Fazendo referência aos grãos, lembro que Mato Grosso do Sul exportou 1,28 milhão de toneladas de milho até outubro de 2020, 52% a menos que em 2019 em virtude da variação climática durante a produção e colheita, gerando perdas de produtos, conforme dados da SECEX. Não se pode esquecer que 2019 foi um ponto fora da curva, com explosão de volume produzido e exportado pelo país como um todo. Em relação à exportação de soja, Mato Grosso do Sul exportou até outubro de 2020 o equivalente a 4,76 milhões de toneladas, 45% a mais que o total exportado em 2019. Um mercado aquecido mesmo em ano de pandemia. Milho e soja são os principais grãos geradores de riqueza do estado.
Novos portos, como o de Porto Murtinho, permitem um escoamento da produção com melhor logística e rentabilidade. Outro fator relevante para o crescimento do setor de grãos em MS é o incentivo da paridade de exportação de milho e soja, além do investimento em inovação tecnológica no campo e no meio de transporte da carga.
Segundo a IAGRO, Mato Grosso do Sul produziu de janeiro a outubro de 2020 cerca de 3,08 milhões de cabeças para abate. Esse número representou queda de 12,6% em relação ao mesmo período em 2019. Os preços apresentaram redução em novembro, acompanhando a queda da soja e do milho, os quais estavam apresentando valorização até o mês de outubro e ultrapassaram preços históricos. Todavia, o preço da arroba ainda permanecerá em patamar elevado se comparado a anos anteriores, devido à oferta restrita, o que possibilitará rentabilidade ainda maior ao produtor em 2021.
A exportação acumulada de 2020 in natura de carne bovina é de 141 mil toneladas, 9,25% menor em volume e 2,28% maior em valor, alcançando 570 milhões de dólares. Esse fato se deve à baixa oferta. Já a carne de frango in natura apresentou aumento do volume exportado e da receita, 3,88% e 24,4% superior, respectivamente. Conclui-se que o cenário pecuário está se desenvolvendo e ampliando sua exportação, principalmente para China e Japão, devido à qualidade de produção do estado e um mercado externo atrativo pelo real desvalorizado.
O agronegócio sul-mato-grossense tem perspectivas positivas para comercialização em 2021, com base nos resultados de 2020 e anos anteriores, pois o setor está em amplo desenvolvimento e foi responsável pelo equilíbrio da economia brasileira em plena crise da Covid-19.