Uma bebida milenar e cheia de mistérios sobre a sua origem. A única certeza é de que começou no Japão e foi descoberto por acaso. Há cerca de 2000 anos, um camponês teria deixado um tonel de arroz destampado, estragando o alimento. Para evitar o desperdício e como punição pelo ocorrido, o fazendeiro informou ao seu funcionário de que aquele arroz seria o seu pagamento do mês. Sem alternativa, o camponês levou o mingau para casa e, depois de algumas colheradas, percebeu algo diferente e alcoólico.
Com o tempo, os produtores foram aprimorando o processo de fabricação da bebida e o saquê, como conhecemos hoje. Celso Ishiy, maior especialista em saquê do país e diretor da Tradbras, conta algumas curiosidades sobre essa bebida milenar.
– O Saquê é uma bebida feita a partir da fermentação do arroz
– Durante a II Guerra Mundial, as plantações de arroz foram devastadas e o governo determinou que se colocasse álcool para diluir o saquê e render mais, além de baixar o preço. Quando o governo permitiu parar com isso, nenhum produtor queria voltar à antiga produção;
– Nos anos 70, foi descoberto que um pouco de álcool em alguns tipos de saquês ajudava na fermentação e ressaltava determinados sabores;
– Os principais fatores para determinar a qualidade do saquê são: qualidade do arroz, polimento do arroz, participação do mestre de produção (toji) no processo;
– Existem mais ou menos 130 tipos de arroz para saquê no Japão. Muitos são feitos de mistura de mais de um tipo;
– Yamadanishiki é considerado por muitos o melhor tipo de arroz para saquê no mundo;
– Saquês super premium aproveitam 60% ou menos do grão de arroz;
– No Japão hoje existem aproximadamente 1400 fábricas de saquês (Kura).
– O número de exportação do saquê cresce a cada ano. Mas apenas 3% da produção da bebida são vendidos para outros países;
– Os japoneses usam pequenos copos de vidro ou de cerâmica chamados choko;
– O saquê no Japão nunca é serviço para si mesmo, sempre servido ao próximo;
– Saquês podem ser tomados a qualquer temperatura. Mas os mais elaborados podem perder alguns elementos ao ser esquentados por serem muito suaves. Já os produtos mais alcoólicos e super secos podem responder bem ao aquecimento.
Conheça sete formas de harmonização de pratos com o saquê:
Pratos leves – pode ser harmonizado com ginjo e daiginjo para apreciar o saquê. Exemplos: saladas, grelhados de carne branca, carpaccio, massas sem molhos encorpados.
Pratos salgados – pode ser harmonizado com saquês levemente doces. Mas se o salgado for acentuado, recomenda-se um saquê mais seco, do tipo junmai. Exemplos: peixe assado, massas de molho vermelho, que podem ser servidos com saquê do tipo nigori (mais encorpado).
Pratos cítricos – Harmoniza-se com saquês mais doces como nigori (mais encorpado) ou honjozo. Exemplos: Ceviches, sunomono.
Pratos temperados e oleosos – Normalmente harmoniza-se com saquê junmai. Entretanto, o corpo leve do saquê honjozo pode “quebrar” a oleosidade. Exemplos: o churrasco pode combinar com um nigori, junmai, honjozo seco. Para quem prefere reduzir a gordura pode harmonizar com um honjozo extra dry.
Pratos aromáticos – Harmoniza-se com saquê aromático, o suficiente para que se sobressaia da comida.
Pratos encorpados – Harmoniza bem com saquê encorpado e sabor de forte presença. Exemplos: carne de panela mineira e feijoada podem ser acompanhados do saquê nigori, que é mais encorpado e realça o sabor acentuado destes pratos.