O ano de 2020 foi atípico para todos. Em meio à primeira pandemia global da era digital, milhares de pessoas tiveram suas vidas impactadas e, com o mercado, não foi diferente. Forçadas a se reinventarem e adaptarem os serviços e processos internos para um funcionamento remoto e híbrido, empresas de todo o Brasil passaram em 2020 por momentos de incerteza e disruptura – fato que, analisado atualmente pelos CEOs, culminou no amadurecimento transversal dos seus negócios. Pensando nisso, 12 CEOs de empresas de todo o Brasil se reuniram para compartilhar as principais lições que aprenderam durante 2020 e dicas para que 2021 seja um ano de prosperidade e crescimento.
Matthew Leibowitz
Matthew Leibowitz, CEO e fundador da Stake, plataforma que conecta pessoas que estão fora dos EUA ao mercado de ações americano:
“O que eu aprendi em 2020? Que trabalho não é vida. E ao aceitar isso, você acaba se tornando um líder melhor e mais humano. Às vezes, ficamos tão envolvidos na entrega de tarefas que esquecemos por que estamos neste planeta. Mas ao recuar e perceber que a vida é tão frágil, aceitamos que a vida é muito mais do que um trabalho das 9h às 17h. Isso me permitiu tentar estar mais presente quando estou no trabalho e muito mais presente ao aproveitar as coisas fora do trabalho. Estou mais conectado com minha equipe, família e amigos e acredito que sou um líder melhor por isso!”
Bernardo Schucman
Bernardo Schucman, CEO da FastBlock, uma das maiores empresas mundiais de administração e consultoria de blockchain:
“Grandes imprevistos acontecem e com isso as empresas precisam de um plano de contingência por conta de diversos spin-off e até uma pivotagem para que algo aconteça, como uma pandemia por exemplo, as empresas tenham outros planos de sobreaviso.”
Ricardo Almeida
Ricardo Almeida, CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação da América Latina:
“O aprendizado de 2020 é, ao mesmo tempo, o que estamos levando para 2021: a era da estratégia sólida, de planos de longo prazo escritos em pedra, se foi. Se tem uma coisa que a pandemia nos ensinou foi que o mundo pode mudar radicalmente. E, se o mundo pode mudar a qualquer instante, todos os planos para que alcancemos os nossos objetivos também devem se adaptar, se moldar, se encaixar em novas realidades. Como? Construindo o que chamamos de estratégias líquidas: tendo claro os objetivos que queremos alcançar, planejando uma miríade de pequenas ações táticas ao longo do tempo, sempre integradas ao zeitgeist, ao espírito de cada micromomento, e controlando o nosso desempenho a partir de métricas extremamente claras e transparentes. Sabemos o que queremos ser daqui a 5 anos – mas traçar o caminho estratégico até lá, em tempos tão incertos quanto os nossos, é tão inviável quanto ingênuo, infantil. Hoje, mais do que nunca, o sucesso de uma empresa não está na sua construção estratégica de longo prazo mas sim na sua capacidade de execução de curto, curtíssimo prazo.
Cassio Bariani
Cassio Bariani, sócio-fundador e CEO da SmartBrain, plataforma de consolidação de investimentos:
“De modo geral, apesar dos desafios, em 2020, houve transformações importantes nas dinâmicas das empresas como o home office e o processo acelerado de digitalização dos negócios. Outro ponto é que a responsabilidade com bem-estar dos colaboradores se intensificou. Falando sobre a SmartBrain, como nossos negócios são ligados à tecnologia, aproveitamos para utilizá-la ainda mais a nosso favor. Lançamos novos produtos, participamos de grandes eventos online e conquistamos novos clientes. Para 2021, com a possível vacinação contra a Covid-19, a nossa expectativa é de recuperação da economia, retomada de projetos pelas empresas e mais inovações tecnológicas.
Juliano Cornacchia
Juliano Cornacchia, CEO e cofundador da Vórtx, fintech de infraestrutura para o mercado financeiro:
“2020 foi um ano de muito aprendizado, pois a situação que nós vivemos não era algo previsto em manuais de administração de empresas. Todos os líderes tiveram que se adaptar e foi neste aspecto que tivemos a grande lição de 2020: para momentos extraordinários não existem soluções prontas, você precisa encontrar a solução dentro de casa. Nos valemos da nossa cultura para poder tomar as decisões que mais atendiam as nossas demandas e não optamos por copiar ou adaptar soluções de outras companhias, uma vez que todos estavam em período de experimentação. Temos uma crença aqui na Vórtx de que o é a frase “Improvável tem o poder de ser incrível” e nos apoiamos a isso nesse momento tão complicado, usando a tecnologia como ferramenta de implementação dessa crença. A história dos fundadores da Vórtx e da própria empresa já são histórias de improbabilidades, isso também nos ajudou a superar esse ano, pois estamos acostumados a tirar proveito no que não é óbvio para a maioria das pessoas. O ano de 2020 acabou deixando um bom legado, entregamos o orçamento previsto, praticamente dobramos o tamanho do time e antecipamos entregas de tecnologia de anos à frente. Como não tinha vento, acabamos soprando nosso próprio vento por aqui para sair desse ano tão atípico”.
Alan Marcos
Alan Marcos, CEO e fundador da Consolide, tecnologia e consultoria para registro de marcas:
“Eu aprendi em 2020 que, mais do que nunca, nós precisamos de uma mentalidade auto suficiente. Sem dúvida, nossos resultados refletem o trabalho conjunto do time, mas, principalmente esse ano, buscar autoconhecimento e aplicar o autogerenciamento se mostrou essencial. Isso é importante para descobrirmos as habilidades que precisamos desenvolver, sem necessitar de um gestor ou colega exigindo essa dedicação e energia.
O que levo para 2021 é que precisamos investir no desenvolvimento das pessoas. Apenas dessa forma conseguiremos manter a saúde corporativa, sem perder tração para o crescimento. Ter uma equipe focada e bem alinhada é fundamental para que a empresa continue próspera e voltada para o crescimento constante.
Felipe Barranco
Felipe Barranco, CEO e cofundador da Flix, seguradora digital com foco na venda de seguros e assistências residenciais:
“O ano de 2020 foi um período de muita reflexão profissional e pessoal. Dentre tantos aprendizados, a maior lição é dar a devida importância à prevenção da minha saúde e a da minha família e amigos próximos, focar no bem-estar e lembrar de equilibrar os momentos de lazer e responsabilidades. Este período me mostrou também que a nossa casa é mais que um espaço de descanso, é um refúgio em meio a tantos desafios e merece mais atenção. Sinto que o valor ao próximo e às pequenas coisas têm um novo e mais forte significado de agora em diante”.
Isaac Paes
Isaac Paes, CEO e fundador do OiMenu, sistema de autoatendimento em tablets para restaurantes:
“Sem dúvidas, todo mundo aprendeu algo com 2020. Para mim foram várias lições, mas a mais marcante foi ver a capacidade e flexibilidade do ser humano em se reinventar rapidamente. Acho que isso tem a ver com nosso instinto de sobrevivência, mas como não somos expostos ao risco com a mesma frequência de séculos atrás, acabamos nos esquecendo dessa nossa habilidade coletiva incrível. Em poucas semanas, fomos obrigados a aprender novas regras radicais de convivência e, enquanto empresa, tivemos que criar novas soluções e mudar os nossos fluxos da noite para o dia – algo impensável antes da pandemia. Isso só mostra o quanto a palavra ‘impossível’ só existe dentro dos limites da nossa própria mente. Com certeza irei desafiar mais o meu time a fazer proezas como fizemos em 2020, mesmo sem uma pandemia.
Roberta Perdomo
Roberta Perdomo, Cofundadora da Gestaum Lab, plataforma que conecta profissionais de gestão de pessoas ao mercado:
“O que eu aprendi em 2020? Que nós, líderes, também somos humanos e vulneráveis. Eu, e muitos líderes que conheço, temos a tendência de incorporar o “líder herói”, que sabe de tudo e faz tudo o tempo todo. Na pandemia, tendo que conciliar trabalho com os cuidados com as crianças e casa, em uma nova rotina alucinante que chamei de “family office”, foi impossível seguir com esse modelo. Foi preciso reavaliar, delegar e, principalmente, pedir ajuda. Em um momento de muito estresse, percebi essa vulnerabilidade e passei a cuidar mais de mim, além de contar com a minha rede de apoio. Precisamos saber cuidar de nós mesmos para podermos cuidar um dos outros.
Gustavo Leme
CEO e Fundador da Atletis, plataforma que conecta Organizadores de eventos esportivos com atletas e amantes do esporte:
“Este foi um ano de muitos desafios e aprendizados. O conceito de que as relações humanas são o ponto fundamental para que os processos sigam com maestria foi reforçado. Em tempos de distanciamento social e home office, estar em sinergia com a equipe é crucial para garantir a qualidade do projeto. Ao mesmo tempo que, para adequar o projeto, foi preciso estar atento ao desenrolar do “novo normal” e das novas tecnologias – que estão impactando e irão guiar a tomada de decisão dos novos mercados.”
Paulo Henrique
Paulo Henrique, CEO da Cobre Fácil, plataforma de emissão e gerenciamento de boletos bancários:
“No âmbito pessoal, aprendi a dar mais valor para as pequenas coisas, como um simples aperto de mão, um abraço e o tempo sentado em uma roda de amigos para um bate-papo. Percebi, na verdade, que nem sempre eu dava valor a isso. Já profissionalmente, aprendi que é possível sim confiar nas pessoas. Mesmo longe, cada uma em sua casa, assumindo responsabilidades e fazendo acontecer. Pessoas que realmente trabalham fazem isso de qualquer lugar, não precisam estar sob o olhar do líder no escritório – da mesma forma, aprendi que quem enrola, enrola de qualquer jeito, no escritório, em casa ou em qualquer outro lugar. Ainda tem a segunda lição profissional: estar preparado para adversidades, já que nem toda mudança podemos controlar, pois elas simplesmente acontecem. É preciso se adaptar.”
David Mourão
David Mourão, CEO do Linker, conta digital PJ com soluções focadas no empreendedor:
“Acredito que o grande aprendizado em 2020 foi estar preparado para o inesperado. A pandemia afetou os negócios de diversas formas e obrigou os empreendedores a se adaptarem. Aqueles que foram mais ágeis, se adaptaram ao novo cenário e conseguiram redirecionar os seus negócios, foram os que tiveram maior sucesso e conseguiram sobreviver a 2020.
A pandemia vai deixar consequências nos negócios e na interação com os clientes, exigindo criatividade para a retomada. Em 2021, foque em entender os novos hábitos do seu público e rapidamente adaptar o seu modelo de negócio. Priorize segurança e qualidade, duas características que serão muito valorizadas em 2021.
Tiago Serrano
Tiago Serrano, CEO da SoluCX, empresa de pesquisa de satisfação e NPS:
“Acredito que o ano de 2020 trouxe muitos ensinamentos para todos, principalmente a nós enquanto empregadores. No início, tivemos que reduzir custos e nos preparar para o pior cenário, para que tivéssemos segurança nos compromissos assumidos, mas ao longo do ano vimos que temos uma grande capacidade de adaptação.
A SoluCX conseguiu passar por tudo isso de uma forma bem consistente, superando as expectativas em termos de crescimento, e hoje estamos com quase 40 novas vagas em aberto e o dobro do faturamento. Para 2021 creio que a tendência do formato de trabalho híbrido vai continuar, e muitos negócios vão ver que não existe mais um cenário para quem não está em todos os canais, sejam físicos ou digitais. E cada vez mais a voz do cliente é o que guia todos os processos de melhoria”.
Edson Barros
Edson Barros, CEO e cofundador da Acoy, assessora digital para corretores de seguros:
“O maior aprendizado deste ano é, sem dúvida, a resiliência mental. Ninguém estava completamente preparado para viver os desafios enfrentados nos últimos meses e isso fez com que o nosso equilíbrio pessoal e profissional fosse colocado à prova o tempo todo. 2020 me ensinou que manter o foco é fundamental para uma rotina sem tanta turbulência”.