Crianças e adolescentes são naturalmente mais agitados, mas quando a hiperatividade passa a atrapalhar o rendimento escolar, a relação com as outras pessoas e com as próprias emoções, é hora de acender um alerta: Será que é TDAH? De acordo com a psiquiatra especialista em infância e adolescência, Virginia Feitosa, do Núcleo Infanto-juvenil da Holiste Psiquiatria, os principais sintomas do transtorno são a desatenção e a impulsividade, mas existem outros critérios que englobam o diagnóstico.
“Além dos sintomas mais conhecidos, a hiperatividade, desatenção e impulsividade, a idade de início antes dos 12 anos, a persistência dos sintomas por mais de 6 meses e a repetição desses comportamentos em diversos ambientes, também são importantes constar na entrevista clínica. Há outros sinais de alerta, como baixo rendimento escolar, dificuldades de organização e de manutenção da rotina, procrastinação, dificuldades no controle das emoções, entre outros”, explica.
Preconceito atrasa o diagnóstico
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção ABDA, o número de casos de TDAH no mundo variam entre 5% e 8% e nos últimos anos vem ocorrendo um aumento nas taxas do diagnóstico do TDAH que, segundo Virginia, se explica pela maior conscientização e preparo dos profissionais de saúde e da educação sobre o tema. Contudo, infelizmente, muitos jovens não recebem o tratamento correto porque são vistos apenas como “crianças mal-educadas”.
“O TDAH ainda é subdiagnosticado e subtratado, principalmente em meninas. É preciso entender que o transtorno faz com que os indivíduos tenham dificuldade de concentração, sejam hiperativos, impulsivos, explosivos, tenham mais dificuldade em seguir regras, e tudo isso acaba causando um desgaste nas relações interpessoais, seja em casa, na escola, no condomínio. Por isso, apesar das ferramentas diagnósticas mais sensíveis e preparadas, muitas vezes a criança nem chega ao consultório devido ao preconceito e falta de informação”, detalha.
Tratamento para TDAH
A especialista explica que o TDAH é uma herança genética, por isso, é comum que o pai ou a mãe apresentem sintomas que, muitas vezes, nunca foram tratados. No entanto, outros fatores psicossociais podem estar envolvidos, como traumas e negligência, uso de álcool e tabaco na gestação, entre outros. O tratamento consiste no uso de medicações, apoio pedagógico, terapia (individual e familiar) e mudanças no estilo de vida, como a adoção de rotinas e horários regulares, exercício físico e uma dieta saudável.
“O tratamento começa com acolhimento e uma visita ao consultório médico. O TDAH tem tratamento e é muito possível adaptar a rotina para que o jovem possa minimizar as perdas, inclusive no rendimento escolar. Nós recomendamos medidas simples, como aumento do tempo de prova, fazer as avaliações em um ambiente separado sem muitos estímulos e o apoio pedagógico. Já em casa, é importante estabelecer uma rotina estruturada, proporcionando acolhimento e suporte para as dificuldades apresentadas pela criança”, finaliza.