Amanhã dia 24 de agosto comemora-se o Dia da Infância. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a infância é a etapa inicial da vida compreendida entre o nascimento e os 12 anos de idade. Essa data tem o propósito de promover uma reflexão sobre as condições em que meninos e meninas estão vivendo, além de defender o acesso aos seus direitos e cuidados necessários.
Para garantir que crianças tenham um bom desenvolvimento durante a infância é preciso que os cuidados com a saúde comecem junto aos recém-nascidos. O ser humano se desenvolve em fases, na qual a primeira refere-se ao crescimento intrauterino, iniciando-se na concepção e se estendendo até o nascimento, mas é na segunda fase que acontece o momento ideal para identificar possíveis doenças.
A segunda fase está relacionada à primeira infância, período que vai do nascimento até os seis anos de idade. Por essa razão, cuidados realizados logo após o nascimento vão garantir e promover bem estar ao longo da vida. Antonio Condino Neto, Presidente do Departamento de Imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e Coordenador do Laboratório de Imunologia Humana do ICB-USP, explica que os primeiros dias de vida de um recém-nascido são determinantes para a possível descoberta de enfermidades assintomáticas ao nascimento, mas de manifestação precoce e evolução catastrófica, tais como erros inatos do metabolismo e erros inatos da imunidade.
Segundo Condino Neto, que também é sócio-fundador da Immunogenic, primeiro laboratório especializado em triagem neonatal dos Erros Inatos da Imunidade por meio do teste do pezinho, realizar o exame é uma questão obrigatória na primeira infância. “O exame é feito em crianças recém-nascidas, a partir das gotas de sangue coletadas do calcanhar do bebê, permitindo assim identificar doenças graves assintomáticas ao nascimento e que podem causar sérios danos à saúde, caso não sejam diagnosticadas e tratadas precocemente”, afirma.
Atualmente, o teste do pezinho foi ampliado e passou a envolver até 50 novas doenças raras, incluindo a triagem das imunodeficiências primárias. Antes, o exame englobava apenas seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. O Governo Federal sancionou o Projeto de Lei em maio de 2021 e o Sistema Único de Saúde (SUS) ficou responsável pela implementação, que deve durar quatro anos.
Para Condino-Neto, é importante que a sociedade brasileira fique atenta e cobre de seus governantes a ampliação da triagem neonatal agora prevista em lei. “Pais e mães devem observar atentamente quaisquer sinais de anormalidade de seus filhos e filhas, recorrendo às unidades de saúde para esclarecer dúvidas e possibilitar o diagnóstico e tratamento precoce de doenças que comprometem o futuro dessas crianças, caso não sejam tratadas”, finaliza.