*Por Shirlei Camargo
Você sabia que, a cada ano, o Dia do Consumidor tem um tema diferente? Sim, ele é definido pelos mais de 200 membros do World of Consumers International, espalhados por mais de 100 países. E, no próximo dia 15 de março de 2022, o assunto a ser debatido será sobre finanças digitais justas para todos.
Segundo a entidade, até 2024 os consumidores de bancos digitais ultrapassarão 3,6 bilhões de usuários em todo o mundo, o que significa quase metade da população mundial.
E, apesar de as finanças digitais trazerem muitas facilidades e oportunidades, podem também trazer inúmeros riscos para as pessoas mais vulneráveis, principalmente aquelas com dificuldades econômicas.
Nesse contexto, podemos pensar nas mulheres de baixa renda. Cerca de um bilhão de mulheres não tem acesso a serviços financeiros formais em todo mundo porque não têm documentos, habilidades digitais, entre outros fatores. Porém, mesmo com baixas habilidades financeiras e digitais, as mulheres estão tendo cada vez mais acesso a smartphones e, por consequência, essas mulheres estão acessando mais serviços financeiros digitais.
Essa constatação revela dois lados, o da praticidade e também o da exposição a vários riscos por não entenderem os termos dos contratos, das questões relacionadas a prazos, preços, juros. Isso faz com que elas sejam presas fáceis para golpistas e empresas que agem de má-fé.
Com as possibilidades digitais para cuidar das finanças, tendemos a pensar mais no quanto isso facilitou a nossa vida, mas a verdade é que há muitos pontos em relação à segurança que ainda não estão bem definidos e, portanto, revelam a sua fragilidade. Só para termos ideia, uma pesquisa na Indonésia descobriu que quase metade das mulheres pesquisadas (44%) dependia de guardas de segurança, funcionários e familiares para ajudá-las a retirar dinheiro de suas contas.
Para nós, que vivemos nas nossas “bolhas”, tal número pode parecer um absurdo, mas infelizmente não é. Não tenho notícias de uma pesquisa similar a essa aplicada recentemente aqui no Brasil, mas creio que esse número pode não ser muito diferente do que ocorre na Indonésia.
Enfim, é preciso urgentemente pensar em construir um mercado financeiro digital que seja inclusivo e seguro para todos, pois a tecnologia está aí e deve trazer benefícios para TODAS as pessoas, incluindo as mais vulneráveis.
Shirlei Camargo é doutora em Estratégia de Marketing e professora do Centro Universitário Internacional Uninter.