Diástase abdominal: o que é e como corrigir a separação abdominal pós-parto

Por Dra. Letícia Odo (Cirurgiã-Plástica)*

A Diástase do reto abdominal é o resultado da dilatação e afastamento dos músculos abdominais e do tecido conjuntivo entre os músculos, que acontece, normalmente, durante a gravidez. Essa abertura é palpável, tem uma largura de no mínimo 3cm, e ocorre pois o corpo da mulher se prepara para dar espaço ao crescimento do feto no útero. Além disso, os hormônios – relaxina, progesterona e estrógeno – e o trabalho de parto também contribuem para esta separação.

O crescimento da barriga gera muita tensão sobre a região abdominal, causando uma fraqueza do músculo, que fica muito esticado. Em algumas mulheres, eles voltam à posição normal. Em outra, não, causando um afastamento que pode chegar a 10 cm de distância. Quando superior a 3cm, a questão deixa de ser estética (flacidez abdominal), pois o tronco fica sem o devido suporte e podem aparecer sintomas como constipação intestinal, incontinência urinária e dor nas costas, além de aumentar o risco de hérnia abdominal.

Ainda é difícil determinar a quantidade de mulheres que desenvolvem diástase. Os dados médicos são conservadores, pois passaram a ser levantados recentemente, mas estima-se que pelo menos 30% das mulheres sofram desse problema. Vale ressaltar que a diástase também pode acontecer fora da gravidez, especialmente em pessoas que levantam objetos muito pesados numa postura incorreta ou quando, em algum momento de sua vida, tiveram sobrepeso. Os tratamentos para corrigir a diástase abdominal, e voltar a ter uma barriga durinha novamente são: exercícios, fisioterapia ou a cirurgia, principalmente quando o afastamento é maior que 5 cm e os exercícios não foram eficazes para corrigir a situação.

Tratamentos para corrigir a lacuna abdominal:

Atividade física: a prática de exercícios é uma aliada importante na reversão da diástase abdominal, mas deve ser realizada com supervisão profissional constante. Exercícios mal executados podem causar um aumento na pressão intra-abdominal, e aumentar a separação do abdome, piorando a diástase ou levar ao aparecimento de uma hérnia.

Fisioterapia: também pode ser adotada como método preventivo, durante a gestação, com preparação para o parto por meio de exercícios específicos para o fortalecimento de todo o core abdominal e do soalho pélvico. No pós-parto, é eficiente para o fortalecimento do músculo reto abdominal, pois são utilizados equipamentos específicos que auxiliam na contração muscular.

Cirurgia: é um procedimento que consiste no reposicionamento da musculatura. Nessa cirurgia, “costuramos” os músculos, por meio de uma sutura, realizada por um cirurgião-plástico. Indicamos a cirurgia a partir dos 6 meses do parto quando exercícios físicos e fisioterapia não surtiram efeito na volta da musculatura para a sua posição original pré gestacional.

A cirurgia pode ser realizada através da videolaparoscopia, técnica com cicatriz mínimas no abdome e recuperação mais rápida. É indicada para as pessoas que apresentam somente diástase do músculo reto sem sobra de pele ou gordura ou para aquelas que não desejam grandes incisões na barriga.

É possível que o médico também sugira a realização de uma lipoaspiração ou abdominoplastia, caso haja gordura localizada ou pele redundante na área para um resultado corporal mais harmonico. A abdominoplastia remove o excesso de pele e alinha o músculo para finalizar o procedimento. Dessa maneira, ocorre uma remodelação de toda região que compreende o abdômen, tratando de vez o problema. O resultado final, geralmente, só aparece depois de três meses.

*A Dra. Leticia Odo é formada em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Escola Paulista de Medicina (EPM). Foi Preceptora dos residentes da Disciplina de Cirurgia Plástica da UNIFESP em 2011 e colaboradora no setor de Estética, orientando e especializando-se em cirurgias de Face. Possui título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Além de ser membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e Membro da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar. Faz parte do corpo clínico dos principais hospitais de São Paulo, como o Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital Sírio Libanês entre outros hospitais conceituados. http://clinicasodo.com.br/index.php/dra-leticia-odo/