Em 20 quadros com textos de Eduardo Bueno mostra passeia pela história do câncer no Brasil

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Uma história de amor é o centro de uma trama que ajudou a transformar a história do câncer no Brasil. Os protagonistas, Antônio e Carmem Prudente, se conheceram e se apaixonaram a bordo de um navio em viagem à Alemanha do 3º Reich, em 1938, na companhia da comitiva presidencial de Getúlio Vargas. Ela, jovem jornalista dos Diários Associados, estava ali para cobrir o fato histórico. Ele, eminente professor da USP aos 32 anos, liderava um carmem-e-antonioprudente_baixagrupo de médicos que rumavam a um importante congresso de cirurgia.

A dupla mobilizou por 15 anos a sociedade paulista para que viabilizasse a construção do primeiro hospital oncológico de SP, sonho de concreto inaugurado em 1953. Era o filho do casal, que não teve outros: o hospital A.C.Camargo, construído não pelo governo, nem por colônias de imigrantes, nem pela igreja – era o primeiro hospital da cidade erguido pela população e a ela voltado, sem distinção. O primeiro doador: o famosíssimo comendador Martinelli, paciente de Prudente, que destinou a vultosa quantia de mil contos de réis.

A história traz episódios marcantes também da vida pessoal de ambos, como o primeiro encontro a bordo do transatlântico que levava a comitiva presidencial na famosa viagem de Getúlio em 1938 ao 3º Reich. Em um dos jantares oferecidos à comitiva de médicos brasileiros sob liderança do jovem Antônio Prudente, com 32 anos, eles se conheceram e ali mesmo uma paixão arrebatadora os uniu para sempre.

O escritor Eduardo Bueno reuniu histórias inéditas acerca dos bastidores do combate ao câncer. Ele descobriu que é de um nobre brasileiro a mudança de um paradigma que vinha do século 19 no tratamento do câncer de mama: a cirurgia conservadora, que preserva a mama ao invés de mutilá-la por completo: é o cirurgião Fernando Gentil, primeiro oncologista brasileiro de fato, formado nos anos 40 no Memorial de NY e casado com a filha de um dos donos da Coca-Cola. O famoso milanês Umberto Veronesi (vivo ainda hoje) – que veio ao Brasil nos anos 80 conhecer a técnica e mais tarde a batizou de quadrantectomia – ficou com a fama internacional -, mas a publicação de Gentil em uma revista brasileira de ciência prova o equívoco e a esperteza de Veronesi, que aconselhou Gentil a não dar sequência a seus estudos (conselho ao qual Gentil não deu a mínima).

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