* Por Fátima J. Gonçalves
O inventor ou inventora está sempre em busca da inovação, daquilo que pode tornar a vida das pessoas mais prática e confortável ou até mesmo promover profundas transformações na sociedade. Do chuveiro elétrico, invenção do brasileiro Francisco Canho, ou da invenção do Raio X pela polonesa Marie Curie, até o smartphone, com atribuições que correspondem a conceitos idealizados pelo sérvio Nikola Tesla, é impossível imaginar o desenvolvimento humano sem sua inesgotável curiosidade e capacidade de criar.
Mais do que trazer doses individuais de mais comodidade e comunicação, por exemplo, é do fruto da mente desses inventores e inventoras a criação de novas ferramentas que podem ser chaves para um futuro mais harmonioso e justo.
Cada invenção inspira novas invenções, levando os avanços cada vez mais adiante. E a ideia por trás delas pode surgir dos lugares mais simples. Foi impactado pelo satélite soviético Sputnik que, numa garagem, Charles Trimble desenvolveu receptores de alta precisão para satélites, dando início ao que viria ser a utilização massiva de GPS pelas pessoas e criando o mecanismo que poderia gerar outras incontáveis soluções tecnológicas de hardware e software, que vem revolucionando a agricultura, o transporte e a construção, entre outras áreas, oferecendo precisão e eficiência produtiva e energética. São esses tipos de invenção que estão mudando a forma como as pessoas trabalham e que estão pavimentando um caminho para dias melhores e, desde então, a Trimble investe em média 14% de seu faturamento anual em Pesquisa e Desenvolvimento
É preciso, portanto, incentivar a criatividade e que os esforços e investimentos sejam focados em inovações que atendam às nossas maiores necessidades. A fim de tornar essa constatação mais evidente, basta observar a aplicação das soluções tecnológicas para o cultivo vegetal, que não apenas rentabilizam mais o produtor, mas também contribuem para o aumento da disponibilidade de alimentos para as pessoas.
Na área do transporte, por sua vez, a tecnologia, muito além de tornar mais ágil e eficiente o processo logístico (o que se reverte em ganhos financeiros), ajuda a salvar vidas. O sensor de fadiga instalado em veículos de carga, a título de exemplo, é fundamental para a redução de acidentes nas estradas, visto que mais de 40% deles têm relação com a falta de descanso dos condutores, de acordo com a Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego). Vale lembrar que, de acordo com dados da Polícia Federal, cinco mil vidas são perdidas nas estradas brasileiras a cada ano.
Já a digitalização de processos na área da construção civil, cujo crescimento para 2022 foi estimado em 3,5% pela Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), também traz benefícios significativos, como a informação em tempo real gerando economia de combustíveis fósseis, a avaliação da viabilidade de obras para a geração de menores impactos e a diminuição de desperdício de materiais.
Ainda há muito o que fazer e a necessidade de atuação tem caráter de urgência, dados os desafios que se apresentam, como a escassez de insumos básicos para a sobrevivência e as mudanças climáticas. É imperativo que haja mais investimento na área da tecnologia, com educação mais conectada com a prática e maior emprego de recursos em pesquisas, para que as mentes criativas dos inventores possam dar concretude a suas ideias, principalmente quando se fala em Brasil.
Por aqui, ainda precisamos acompanhar o passo de países como a Coreia do Sul, que investe 4% de seu PIB em tecnologia, ou Alemanha e China, líderes mundiais, que investem mais de 2% no setor. No Brasil, segundo a CCT (Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado), o investimento fica em torno de 1%. Nessa toada, não ficaremos para trás apenas em respeito ao desenvolvimento tecnológico, mas também com relação ao desenvolvimento humano, ainda enfrentando problemas com trabalho, alimentação e meio ambiente.