* Por Carlos Furlan
Muitas vezes nos pegamos dizendo que tal empresa “faz” isso, aquela empresa “é” assim, e por aí vai… mas afinal quem é “a empresa”? Uma empresa não é apenas um CNPJ que tenta comercializar produtos ou serviços, mas um conjunto de pessoas que carregam consigo experiências passadas, preocupações presentes e ambições futuras. Da mesma forma, os clientes não são meros agentes numa relação de compra e venda, são pessoas com nome, histórias, sonhos, medos, etc. Para mim, tudo ganha mais sentido quando penso que são pessoas que estão por trás de tudo, e que fazem as engrenagens do mercado girarem.
Como CEO, estou, neste momento, diante de um grande desafio de fazer com que nosso trabalho, que já beneficiou centenas de milhares de pessoas, impacte positivamente a vida de milhões de brasileiros nos próximos anos. Diante disso, surge um questionamento: como engajar o time para atingir um sonho tão ousado como este?
Aqui na empresa, tudo passa por enxergar as relações humanas em cada etapa desta jornada.
Em primeiro lugar, procuramos deixar muito claro, através de uma comunicação aberta e transparente, qual é o propósito e quais são os objetivos maiores da empresa. Todo mundo que está aqui é impulsionado por um mesmo propósito: transformar a vida dos brasileiros através da educação. E para cumpri-lo, precisamos mirar nos objetivos-macro de (1) ser uma empresa que pensa e age pelo cliente, (2) ser líder em soluções financeiras para educação e (3) ter orgulho de todo o universo das nossas ações, dos nossos posicionamentos, dos nossos produtos, das nossas pessoas.
Só que, às vezes, isso tudo pode parecer um pouco intangível. Transformar a vida dos brasileiros através da educação é, sem dúvida, um propósito nobre. Mas como vemos o impacto disso na prática? Para que a gente possa entender melhor os resultados do nosso trabalho, nós gostamos de trazer exemplos reais ao nosso dia a dia. Quem são os alunos beneficiados, o que eles conseguiram alcançar graças ao curso que a gente financiou, como a vida deles se transformou por conta da educação, enfim, sempre que possível nós confrontamos o nosso time com essa realidade.
De certa forma, tangibilizar aquilo que fazemos também se conecta com a transformação da nossa estrutura de objetivos organizacionais. Por exemplo, uma coisa é pedir para alguém levar 500 caixas do ponto A ao ponto B. Outra bem diferente é pedir que alguém retire 500 caixas de alimentos não-perecíveis arrecadadas em um evento beneficente e as leve a uma ONG que faz um trabalho de erradicação da fome no país e que vai distribuí-las em comunidades carentes.
Por isso, nos desafiamos para fazer com que os objetivos táticos estejam conectados diretamente aos objetivos estratégicos da empresa E como os nossos objetivos são bastante aspiracionais, eles têm o poder de elevar o desempenho do time e de incentivar que a gente alcance resultados bem ambiciosos.
Além disso, a partir dessa nova mentalidade, tentamos cada vez menos estar divididos por áreas, mas sim por times, grupos multidisciplinares que reúnem pessoas de diversas áreas de negócio em torno de um mesmo objetivo, ou na solução de um problema comum. Além da aumentar a agilidade e a performance, essa estrutura estimula a colaboração entre pessoas e entre os times. Compartilhar conquistas, celebrar evoluções e corrigir a rota através de aprendizados, são formas de fazer com que todos se sintam parte do processo e, consequentemente, engajados em torno de um propósito em comum.
Portanto, se eu tivesse que elencar alguns elementos importantes para suscitar o engajamento de um time e fazê-lo perdurar ao longo do tempo, eu destacaria os seguintes: Manter o time munido de dados e informações para que todo mundo possa acompanhar o que está acontecendo no dia a dia da empresa; Deixar claro qual o impacto que o trabalho que está sendo realizado tem sobre a vida dos clientes, a comunidade em que se atua, e o país;Celebrar as pequenas conquistas e valorizar cada passo que foi dado em direção do grande objetivo maior.
No final das contas, como falei no início, tudo passa pela humanização das relações, pelo entendimento que lidamos com pessoas e que pessoas precisam de informação, de contato entre si, de reconhecimento, de liberdade para serem quem realmente são, de sonhos para serem alimentados. Por mais diferente que cada um seja, todos estamos lidando com gente em tudo que fazemos. Enxergar as coisas por esse prisma muda tudo.
E você, o que faz para se sentir engajado? E para engajar outras pessoas?
*Carlos Furlan, CEO do Pravaler: Formado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em programas de extensão na Harvard Business School, Wharton, Kellogg e Stanford, nos Estados Unidos