*Renata Adriana Garbossa Silva
Mesmo com os altos custos de tecnologia para desenvolver satélites de sensoriamento remoto, os países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, têm nos últimos anos buscado parceria com outras nações. Não é de hoje, que o estado brasileiro tenta reverter esse quadro. Desde 1988, um acordo de parceria envolvendo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial – CAST- possibilitaram ao Brasil avanços de sensoriamento remoto, denominado Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), num convênio técnico-científico binacional envolvendo os dois países. A parceria entre os países é um esforço bilateral para derrubar as barreiras que impedem o desenvolvimento e a transferência de tecnologias sensíveis impostas pelos países desenvolvidos, afirmam os pesquisadores do INPE.
Desde o primeiro acordo até agora, foram lançados o CBERS 1, 2, 2B com características muito semelhantes para atender às necessidades dos dois países e para permitir o ingresso no emergente mercado de imagens de satélites até então dominado pelos que integram o bloco das nações desenvolvidas. Já os satélites CBERS 3, 4, foram assinados no início dos anos 2000 e representam uma evolução em relação aos dois primeiros satélites, uma vez que serão utilizadas no módulo carga útil quatro câmeras com desempenhos geométricos e radiométricos melhorados.
Porém, a busca por satélites mais potentes e que possam atender as próprias necessidades fará com que o Brasil, nos próximos dias, lance em órbita o primeiro satélite totalmente brasileiro da agência espacial indiana, Indian Space Research Organisation, de observação da Terra completamente projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil, o satélite Amazônia 1. É um projeto coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais em parceria com a Agência Espacial Brasileira. Criado para fornecer dados de sensoriamento remoto para observar e monitorar o desmatamento, não só da região Amazônica, mas também da agricultura em todo o território brasileiro, atuando em consonância com os programas ambientais existentes.
Segundo o INPE, o lançamento do satélite poderá fornecer dados de um ponto específico em dois dias, ajudando na fiscalização de áreas que estejam sendo desmatadas, bem como, no monitoramento da região costeira, de reservatórios de água e de florestas, além da possibilidade de uso para observações de possíveis desastres ambientais, que estarão disponíveis tanto para a comunidade científica quanto para órgãos governamentais, e para toda a comunidade interessada em melhor compreender o ambiente terrestre.
Autora: Renata Adriana Garbossa Silva é professora nos cursos de Geografia e Ciências Biológicas do Centro Universitário Internacional Uninter.