Como identificar a ansiedade infantil

Não é só problema de adulto: cada vez mais, crianças sofrem com ansiedade Imagem: ljubaphoto/Getty Images

*Por Elaine Ribeiro

Elaine Ribeiro Foto: Arquivo Pessoal

Quando pensamos no desenvolvimento de uma criança, devemos lembrar que as fases que o compõem são marcadas por aprendizados, desenvolvimento físico e também desenvolvimento de habilidades emocionais. É importante compreender que aquilo que a criança vive em seu ambiente social marca sua história bem como suas emoções.

Muitas famílias se deparam com a necessidade de compreender e tratar transtornos ansiosos ou um comportamento ansioso de seus filhos. Especialmente na fase escolar, muitos são chamados ao colégio e recebem dos professores ou coordenadores pedagógicos um alerta quanto à necessidade de buscarem suporte psicológico para seus filhos.

Muitas famílias se deparam com a necessidade de compreender e tratar transtornos ansiosos ou um comportamento ansioso de seus filhos.

É importante que não sejam colocados diagnósticos antes de uma avaliação e de uma compreensão global daquilo que a criança possa estar vivenciando naquela fase de sua vida. Também vale lembrar que é normal passar por situações na vida como a ansiedade pelo primeiro dia de aula, a adaptação com os novos colegas de classe, diferenças nas características físicas e psicossociais entre as pessoas, e até mesmo certas “disputas”.

Mas, como podemos saber quando uma criança está passando por um transtorno ansioso? Para isso, existem algumas perguntas a serem feitas: Há algum prejuízo funcional? A ansiedade está mais frequente, durando mais tempo e de forma mais intensa? A criança tem evitado estar com pessoas, nega-se a ir ao colégio ou sair de casa? Come mais ou menos? O sono fica agitado ou demasiado? Tem tido um desempenho escolar prejudicado?

Além do que citamos acima, a criança apresenta mais de um sintoma específico, tal como inquietação, agitação, sensação de nervosismo ou tensão, queixas de dores pelo corpo, “dores de barriga”, ânsia de vômito?

Como está o ambiente em casa? Muitas vezes, brigas, desentendimentos, perdas, luto, doenças? Estas ou outras situações que acontecem dentro de casa ou no colégio podem gerar ansiedade nas crianças.

Lembre-se que crianças não falam como adultos, não conseguem expressar o que sentem de forma clara e objetiva.

Outros sinais devem ser observados: Tem roído as unhas? Baixo rendimento escolar? Pesadelos constantes? Falta de interesse por coisas que gostava? Reações de raiva ou irritabilidade? Tiques ou reações repetitivas? Será que a rotina de casa e com a família está desorganizada e colaborando com a angústia dos filhos? A criança passou por alguma doença ou internação que tenha gerado medo?

Ao notar isso, a quem devo procurar? Primeiramente, busque o seu médico de confiança, que pode ser o pediatra da criança, para que, juntos, possam traçar o melhor caminho. Nem sempre será necessário um medicamento de uso controlado, talvez a psicoterapia poderá ajudar a criança neste primeiro momento. E quando falamos em psicoterapia infantil, a família será chamada pelo psicólogo a participar desse processo. Quanto mais nova a criança, mais a orientação dos pais será um recurso terapêutico aplicado.

Lembre-se que crianças não falam como adultos, não conseguem expressar o que sentem de forma clara e objetiva. Se a situação é notada e acompanhada desde o início, poderemos ajudar ainda mais os pequenos em suas fases de desenvolvimento posteriores. Cultivar um bom ambiente, emoções positivas, controlar o estresse, cuidar da alimentação, da atividade física e dos bons hábitos, como menos telas, ajuda crianças e adultos a viverem melhor!

Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.