Dia Mundial do Meio Ambiente: como a economia circular pode ser caminho para empresas mais sustentáveis

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O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado ontem 5 de junho, foi instituído pela ONU em 1972, durante a Conferência de Estocolmo, com o objetivo de conscientizar a população global sobre a importância da preservação dos recursos naturais.

Em 2025, o tema escolhido pela organização é “O Fim da Poluição Plástica Global”, com a Coreia do Sul como país anfitrião das celebrações. Diante dos crescentes desafios ambientais, a data reforça a urgência de soluções sustentáveis — entre elas, a economia circular, que se destaca como um dos caminhos mais promissores para unir desenvolvimento econômico e responsabilidade ecológica.

Com problemas como mudanças climáticas, escassez de recursos naturais e acúmulo desenfreado de resíduos, o mundo empresarial busca alternativas sustentáveis e inovadoras. Entre as principais soluções destaca-se a economia circular, modelo que incentiva o reaproveitamento, a reciclagem e a ampliação do ciclo de vida dos recursos.

De acordo com dados da ONU e da International Solid Waste, a economia circular pode gerar um ganho de US$ 108 bilhões para a economia global até 2050. Esse modelo não só representa uma mudança fundamental na forma como consumimos, mas também abre um leque de possibilidades para inovar em produtos e processos.

Modelo pode gerar um impacto econômico positivo de US$ 108 bilhões globalmente até 2050. Foto:Freepik

Desperdício e baixa circularidade: cenário global e nacional

Globalmente, apenas 9% da economia mundial é circular, de acordo com relatório da Circle Economy, apoiado pela ONU Meio Ambiente. Isso significa que menos de 10% dos 92,8 bilhões de toneladas de minerais, combustíveis fósseis, metais e biomassa usados anualmente são reutilizados.

O mesmo relatório destaca que 62% das emissões globais de gases do efeito estufa (excluindo uso do solo e silvicultura) estão ligadas à extração, processamento e fabricação de bens, reforçando o potencial da economia circular para mitigar mudanças climáticas.

No Brasil, em junho de 2024, houve o lançamento da Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC) pelo Governo Federal. O documento estabelece diretrizes para o uso eficiente de recursos naturais, redesenho das cadeias produtivas e incentivo à regeneração ambiental.

A implementação da ENEC representa um marco significativo para o país, especialmente considerando que atualmente apenas 4% dos 81,8 milhões de toneladas de resíduos gerados anualmente são reciclados no Brasil, embora o potencial de reciclagem seja de pelo menos 30%, conforme o Plano Nacional de Economia Circular. Essa disparidade evidencia uma oportunidade de crescimento extraordinária para o setor.

Thiago da Mata CEO da Kwara. Foto: LinkedIn

Para Thiago da Mata, a ENEC estabelece condições propícias para a adoção de práticas circulares. “Ela promove inovação, dissemina a cultura da reutilização e estimula a capacitação para reduzir, reaproveitar e reprojetar a forma como os produtos são concebidos. Além disso, incentiva o uso racional dos recursos, reduz a geração de resíduos e sugere instrumentos financeiros para apoiar iniciativas circulares, integrando esforços entre diferentes níveis governamentais e a força de trabalho”, analisa.

Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Centro de Pesquisa em Economia Circular da USP, 85% das indústrias brasileiras já adotam alguma prática de economia circular em suas cadeias produtivas. Essas práticas visam reduzir o desperdício e aproveitar ao máximo os recursos, contribuindo para a redução de emissões de gases de efeito estufa: 68% dos empresários do setor afirmam que as medidas ajudaram a diminuir essas emissões.

O custo do desperdício: R$ 14 bilhões perdidos anualmente

Os números brasileiros revelam um cenário preocupante: cerca de 45% dos resíduos passíveis de reaproveitamento são perdidos anualmente no país, gerando um prejuízo estimado em R$ 14 bilhões, segundo dados da Abrelpe. Essa perda representa não apenas um problema ambiental, mas também uma oportunidade econômica desperdiçada.

Para empreendedores e empresas que buscam alternativas inteligentes e econômicas, a circularidade econômica oferece oportunidades robustas em ambas as pontas: compra e venda de ativos.

A economia circular já está transformando a maneira como as empresas operam, inovam e se posicionam no mercado. Foto: Pixabay

“Muitos itens de alta qualidade, como mobiliário corporativo, equipamentos de tecnologia e veículos, podem ser adquiridos por preços competitivos em leilões ou vendas diretas de empresas que estão renovando seus estoques, ou ainda vendidos para gerar receita extra e otimizar espaço e recursos”, destaca o CEO da Kwara.

Leilões de logística reversa crescem mais de 700% em 2025

A economia circular já está transformando a maneira como as empresas operam, inovam e se posicionam no mercado. Um exemplo prático são os bens que antes seriam descartados após retornos de logística reversa e que agora são tratados como novas fontes de receita por meio de plataformas especializadas, como leilões online ou presenciais.

“Essa prática não apenas reduz o impacto ambiental, mas também proporciona agilidade financeira e eficiência operacional, fundamentais para empresas que buscam lucratividade enquanto fortalecem seus compromissos com as práticas ESG”, comenta Da Mata.

A logística reversa envolve o retorno de produtos ou materiais ao ciclo produtivo, seja para reutilização, reciclagem ou descarte adequado. Apesar de sua importância, a falta de infraestrutura adequada ainda representa um gargalo significativo no Brasil.

A economia circular já está transformando a maneira como as empresas operam, inovam e se posicionam no mercado. Foto: Sumanley xulx por Pixabay

Iniciativas pioneiras já demonstram como transformar esse desafio em oportunidade, com a comercialização de itens de empresas que estão trocando estoques, realizando desativações, modificando mobiliário, frota de veículos ou equipamentos, produtos de logística reversa, entre outros.

Segundo dados da plataforma o valor total arrematado em leilões de itens oriundos da logística reversa cresceu mais de 700% no primeiro trimestre de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024. O avanço é consistente também no comparativo semestral: entre o primeiro e o segundo semestre de 2024, o crescimento foi de quase 400%.

Soluções práticas para um futuro sustentável

As ações sustentáveis da economia circular não só auxiliam as empresas a diminuir despesas operacionais e aprimorar recursos, como também fortalecem sua reputação como entidades com responsabilidade social e ecológica. A venda de ativos excedentes permite que essas instituições transformem o que seria descartado em fontes de receita, promovendo eficiência financeira.

Além dos benefícios financeiros, essa prática fortalece o compromisso com as práticas ESG, demonstrando responsabilidade ambiental e social. Em um cenário de custos operacionais elevados e recursos cada vez mais escassos, a circularidade se torna uma ferramenta essencial para melhorar a eficiência financeira.

No Dia Mundial do Meio Ambiente, fica evidente que a economia circular representa mais do que uma tendência Imagem de jcomp no Freepik

O futuro é circular e inevitável 

No Dia Mundial do Meio Ambiente, fica evidente que a economia circular representa mais do que uma tendência: é uma estratégia essencial para negócios que desejam se destacar no cenário atual e futuro.

“Com os recursos naturais cada vez mais escassos, não se trata de ‘se’ as empresas vão adotar práticas circulares, mas ‘quando’. Aqueles que se adaptarem rapidamente estarão à frente no cenário competitivo”, finaliza Thiago.

Organizações que enxergam os desafios ambientais como oportunidades serão protagonistas do futuro. A economia circular não é apenas uma solução possível é o caminho inevitável para um planeta mais justo, inovador e sustentável.