A degustação de charutos por mulheres ajuda na quebra de tabus e mostra esse não é um hábito apenas masculino.
O consumo de charutos entre o público feminino cresce a cada ano e com a pandemia a busca das mulheres continuou em ascensão. Mulheres de todas as idades e profissões estão cada vez mais atraídas pelo charme de um bom puro e pelos momentos de intimidade e reflexão que o hábito proporciona.
Carolina Macedo, uma aficionada por charutos, adquiriu o hábito do pai, um advogado fã de charutos. Da paixão de ambos surgiu um negócio e hoje a dupla comanda uma das principais charutarias de Curitiba, a Bulldog Tabacaria. Segundo Carolina, é notável o aumento das mulheres na casa com o passar dos anos.
“O público feminino cresce e é fiel às marcas que mais gosta. Aqui recebo clientes de todas as faixas etárias e a grande maioria começou recentemente a degustar. É uma experiência nova e que traz uma carga de empoderamento muito forte, já que as tabacarias costumavam ser um reduto masculino”, diz.
Pâmela Propst, especialista em esportes, começou a gostar de charutos quando tinha 19 anos e diz que infelizmente ainda existe estranhamento por parte de alguns homens. “O preconceito ainda existe, mas com a entrada das mulheres neste universo está aos poucos caindo por terra. Eu experimentei cedo meu primeiro charuto e me apaixonei. Até já viajei para a República Dominicana para saber mais sobre este mundo”, conta. Para ela, o charuto é também um momento de introspecção, um estado único de relaxamento.
Apesar de estar sempre ligado a imagem de um homem, o charuto sempre foi degustado por mulheres. Prova disso é a história das anilhas – aquele papel que fica em torno do charuto – que surgiram após um pedido da imperatriz da Rússia Catarina II, conhecida como Catarina, a Grande. Catarina dizia que os charutos deixavam marcas nas suas luvas e por isso passaram a colocar fitas no charuto, as anilhas. Com o tempo, as marcas passaram a imprimir nestes papeis os seus nomes e logos até ser como conhecemos hoje. Além disso, hoje as mulheres têm uma grande representatividade no mercado.
A fábrica da marca Dannemann, por exemplo, tem mulheres em todos os cargos, desde a produção e desenvolvimento de blends, até na parte do cultivo, e são elas a imensa maioria para torcer (enrolar) o charuto. Uma curiosidade é que a caixas da Dannemann vem com uma cartinha com o nome da mulher que torceu aqueles charutos.
Em Curitiba o sucesso dos charutos entre as mulheres é enorme, tanto que em 2019 Carolina Macedo foi uma das organizadoras do 1º Encontro de Mulheres Charuteiras, que reuniu 40 mulheres para uma noite de degustação e muita diversão, quebrando o tabu de que charuto é coisa de homem.
“Muitas mulheres nunca tinham degustado um charuto e foi um momento de quebra de tabu mesmo, de dar um passo além em um universo tão associado aos homens”, explica Carolina. O evento só não se repetiu por causa da pandemia, mas deve ser retomado assim que esse cenário mudar.
De acordo com Carolina, um dos pontos que conquistam as mulheres é que os charutos não têm aditivos químicos. “São produtos naturais, feitos a partir de folhas selecionadas de tabaco, sem aditivos químicos como o cigarro”, finaliza.