Marina Ruy Barbosa é a capa da Revista Glamour deste mês

Como você vê a moda se repensando na crise?

Nunca usamos tanto a nossa criatividade – na moda, e em todos os negócios. Ficamos meses trancados em casa, o que refletiu na maneira como consumimos. Vejo marcas mais preocupadas com inclusão, com o meio ambiente; mais engajadas em contribuir de alguma forma para a sociedade. É um caminho sem volta.

Por que foi importante reverter os lucros da primeira coleção para a Gerando Falcões?

A pandemia mostrou a discrepância social e econômica do nosso País. A população mais pobre, como sempre, segue sendo a mais afetada. Já tinha um trabalho com a ONG, e com a chegada da Covid-19, senti vontade e necessidade de ajudar mais. Sei que posso fazer a diferença com a minha voz e imagem. Quis usar isso para um propósito maior.

Qual aprendizado da quarentena você vai levar para a vida?

A gente vai vivendo, errando e acertando e tirando lições das coisas. O mais valioso é quando enxergamos o que está ruim ou fora do lugar. Comecei a entender que estava pesado demais carregar a cobrança que eu fazia a mim mesma. Antes que eu ficasse doente, me dei conta de que não podia mais me tratar assim. É sofrido. Mas é um aprendizado contínuo. Tenho escolhido ser mais gentil comigo e aceitado que preciso caminhar no meu ritmo. O isolamento social também ressignificou o papel dos influenciadores… Esta pandemia deixou ainda mais evidente o quanto as nossas ações individuais afetam o coletivo. Precisamos ter essa atenção. Quem tem voz não pode mais perder de vista a sua responsabilidade ao se comunicar. Ainda há lugar para o lúdico, a leveza. Mas, em algum momento, é preciso fazer uso desses espaços para levar ao público mensagens relevantes, que ajudem a mudar o que está ao nosso redor.

E qual lição de autoconhecimento você deixa para as mulheres?

Quando nos conhecemos de verdade, passamos a entender o que temos de melhor e o que não gostamos em nós mesmas. Não tem problema querer mudar. O ruim é quando a gente se maltrata ou não se aceita porque alguma coisa não está do jeito que queríamos. Conviver com essa frustração é cruel. Temos limitações, e conseguir identificá-las nos ajuda a saber até onde devemos insistir ou quando é hora de mudar de rota. A gente trata as pessoas que amamos com cuidado, gentileza e respeito. Mas, por vezes, esquecemos de exercer esses sentimentos conosco.