*Por José Márcio Bizon
O Dia da Árvore, celebrado anualmente no dia 21 de setembro, tem um significado especial para o setor florestal. Além do momento de conscientização sobre a importância do papel das árvores no equilíbrio ambiental, é ainda um momento de refletir sobre a responsabilidade de atuar no ramo que cultiva árvores de forma responsável, com o compromisso de práticas que também preservam as florestas nativas existentes. São as árvores, plantadas e nativas, nossas principais aliadas na redução das emissões de carbono necessárias para o planeta.
Dados do último boletim de florestas plantadas elaborado pelo Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (SIGA-MS), e divulgado no começo de setembro pela Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), há pouco mais de 1,45 milhões de hectares de eucalipto cultivados. Esta quantidade faz parte dos mais de 9 milhões de hectares plantados no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro das Árvores (Ibá).
Em Mato Grosso do Sul, o plantio de eucalipto tem se consolidado como uma peça-chave no desenvolvimento econômico no estado, principalmente nas cidades localizadas na região da costa leste, na divisa com o estado de São Paulo, conhecida como “O Vale da Celulose”. O setor em constante expansão gera empregos diretos e indiretos em toda cadeia produtiva, o que promove diretamente o crescimento dos pequenos municípios no interior do estado com operações florestais. Além disso, o cultivo de eucalipto não apenas fortalece e desenvolve a economia local, mas também posiciona Mato Grosso do Sul como protagonista no cenário nacional.
Nos últimos anos, Mato Grosso do Sul tem assumido a posição de um dos maiores polos de produção de eucalipto do Brasil. O que faz o estado se sobressair, é uma expansão que vem acontecendo de forma planejada e preocupada com as exigências ambientais. Dentro da MS Florestal, levamos a sério a gestão eficiente de áreas plantadas, o controle de pragas e todas as adaptações a legislações ambientais rigorosas e o compromisso com práticas de manejo florestal sustentável.
No Vale da Celulose, é em Água Clara que está instalado o viveiro da MS Florestal, com capacidade de produção de 40 milhões de mudas anualmente. É no viveiro que o plantio de eucalipto começa, e são as práticas de lá que dão o tom de todo cuidado e esforço envolvido no restante do processo de produção e das operações florestais. Neste mês, o viveiro de mudas de Água Clara passou a operar com geração de energia sustentável, sendo o primeiro do Grupo RGE e de todo setor de florestas plantadas no Brasil a ser autossuficiente. O viveiro conta com uma usina fotovoltaica, com geração de energia inicial aproximada de 3.290 kWh por dia, composto por dois geradores, 1820 placas solares e dois inversores distribuídos em uma área de 8.000 m². É energia verde pura!
Mas para além do viveiro, o eucalipto tem se destacado como uma das principais soluções para enfrentar desafios ambientais globais. É o tipo de árvore mais popular na produção de madeira e celulose, devido ao seu potencial de rápido crescimento e adaptação a diferentes condições climáticas. Por ser uma árvore de crescimento rápido, com capacidade de absorver grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera, é um aliado na mitigação do aquecimento global. Logo nos primeiros anos, florestas de eucalipto já são capazes de sequestrar carbono. Além disso, o bom manejo do solo para o plantio, pode ser utilizado para recuperação de áreas degradadas, uma vez que entre suas qualidades, também está a rápida adaptação a solos pobres de nutrientes, o que faz do eucalipto uma excelente opção de reflorestamento.
Cada hectare de eucalipto plantado representa uma oportunidade não apenas econômica, mas de promover melhorias ambientais nos ecossistemas onde a cultura está inserida. No Dia da Árvore, é celebrado não apenas a riqueza das florestas, mas também o compromisso de continuar promovendo práticas sustentáveis que respeitam e valorizam os recursos naturais.
José Marcio Bizon é engenheiro florestal e mestre em Recursos Florestais pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP).