Qual a diferença entre gripe e Covid-19

Atípica para a época, a gripe vem provocando surtos de casos por todo o país. Causada pelo vírus influenza A H3N2 (cepa Darwin), ela acomete pessoas de todas as idades, gerando um mal-estar intenso.

Conforme a Dra. Ana Clara Toschi, pneumologista pediátrica da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, tanto as gripes como os resfriados são doenças mais comuns no outono-inverno. “Ambas são infecções virais das vias respiratórias e apresentam sintomas semelhantes”, explica.

A Covid-19, por sua vez, é causada pelo vírus SARS-CoV-2. As infecções causadas pela gripe ou pela Covid-19 também possuem alguns sintomas parecidos entre si, como febre, calafrios, tosse, fadiga (cansaço), dor de garganta, nariz escorrendo ou entupido, dores musculares e no corpo, dor de cabeça, vômitos e diarreias. Clinicamente, não é possível diferenciá-los, então, mesmo os casos mais leves, devem ser testados.

Tem sido observada também a coinfecção dos vírus Influenza e Coronavírus, chamado de Flurona: Influenza (flu) e Corona (rona). Não se sabe ainda, no entanto, se a infecção simultânea contribuiu para o aumento da gravidade e das internações.

No caso da variante Ômicron, reitera a Dra. Ana Clara, ela aparenta ser mais transmissível, tem período de incubação mais curto (cerca de três dias), mas sem aumento na mortalidade (em vacinados, a maioria dos casos vai de leve a moderado). Vale ressaltar, no entanto, que ainda são necessários mais estudos.

Os especialistas não sabem ao certo se isso é resultado da imunidade existente, por conta das vacinas, ou se é uma característica da Ômicron. Estudos recentes apontam que a variante pode ser menos agressiva por ficar muitas vezes limitada às vias aéreas superiores, poupando os pulmões, o que difere das outras variantes anteriores. Os pacientes afetados pela Ômicron, em geral, também não apresentaram perda de olfato ou paladar.

Para esclarecer a diferença entre as doenças e auxiliar na prevenção e no autocuidado, a especialista ainda responde a outras dúvidas sobre as enfermidades.

A gripe é um resfriado forte e o resfriado é uma gripe fraca?

Não. Gripes e resfriados são causados por vírus respiratórios distintos. Embora tenham alguns sintomas semelhantes, os sintomas da gripe são de maior intensidade e duração.

Hábitos saudáveis previnem gripes e resfriados?

Alguns hábitos auxiliam o sistema imunológico e, por isso, podem prevenir gripes e resfriados, já que o organismo fica mais resistente às infecções. Alimentação equilibrada e rica em vitaminas e minerais, bem como a prática de atividades físicas, são alguns deles. Além disso, é importante manter-se hidratado, pois fluidifica mais as secreções e, assim, auxilia a expectoração.

A vacina contra Influenza causa gripe?

Não. As vacinas da gripe disponíveis no Brasil utilizam vírus atenuado ou inativo, incapazes de causar infecção. No entanto, a resposta vacinal demora cerca de duas semanas após a imunização, portanto, neste período, é possível que a pessoa vacinada contraia a gripe.

Essa mesma vacina dura para sempre?

Não. Devido à alta taxa de mutação do vírus influenza, além do fato de que os anticorpos adquiridos após a vacinação diminuem ao longo do tempo, é necessário aplicar nova dose anualmente.

Tomei a vacina da gripe que não tem essa nova cepa, então não estou protegido?

Apesar desta cepa Darwin não fazer parte da vacina da gripe 2021, ela confere imunidade cruzada parcial, ou seja, há certa proteção sim.

É preciso tomar antibióticos para tratar a gripe?

Não. Os antibióticos devem ser usados apenas quando houver infecção bacteriana secundária e sempre com orientação médica. Em casos de gripe, podem ser usados antitérmicos e analgésicos para aliviar os sintomas da doença, como febre e dores no corpo.

Resfriado mal curado pode virar gripe?

Não. Resfriados e gripes são causados por vírus diferentes. O que pode ocorrer é infecção pelo vírus Influenza após o resfriado, devido à baixa imunidade.

Por fim, a pneumologista recomenda a manutenção dos cuidados de prevenção, com a higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel, uso de máscara e distanciamento social.