Sono ruim pode gerar ganho de peso no isolamento social

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Em meio às diversas consequências da pandemia de Covid-19 na saúde das pessoas, os problemas relacionados ao sono chamam a atenção da comunidade médica, pois podem desencadear desordens mais graves e fatais.

De acordo com o otorrinolaringologista Braz Nicodemo Neto, diretor técnico do Hospital Paulista, uma das preocupações mais atuais é a obesidade. “Pesquisas apontam que a diminuição do tempo de sono está relacionada ao ganho de peso nos pacientes”, afirma o médico, que também é responsável pela área de Polissonografia do Hospital.

A ansiedade, as preocupações financeiras e o medo de contaminação pelo novo Coronavírus podem afetar a qualidade do sono dos brasileiros. De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, quase metade dos mais de 2.000 entrevistados (41,7%) relatam distúrbios relacionados ao sono durante a pandemia.

Na China, em pesquisa conduzida pelo Hospital da Universidade de Shenzhen e pela Universidade de Huazhong, 20% das pessoas reclamaram que o sono durante o isolamento foi ruim, mais curto e agitado.

Neste contexto, a formação de um círculo vicioso acaba sendo quase inevitável, segundo o médico do Hospital Paulista. “O paciente que dorme mal apresenta cansaço e sedentarismo ao longo do dia. Associado a um quadro de ansiedade e estresse, este estado pode levar a um ganho de peso e, consequentemente, piorar ainda mais a qualidade do sono”, ressalta.

O especialista explica que o sono ruim afeta principalmente a produção de dois hormônios relacionados à obesidade: leptina e grelina. Enquanto o primeiro promove uma sensação de saciedade, reduz o apetite e aumenta o gasto energético, o segundo reduz a sensação de saciedade, fazendo com que o indivíduo sinta mais fome.

“Dormir mal diminui a produção de leptina e amplia a produção de grelina, segundo estudos médicos”, complementa Nicodemo Neto.

Síndrome de Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono

Sete em cada 10 brasileiros sofrem com doenças relacionadas ao sono, de acordo com estudo da Royal Philips, publicado em 2018. Enquanto a insônia é o problema mais comum, a síndrome de apneia e hipopneia obstrutiva do sono – popularmente conhecida apenas como apneia – ocupa a segunda colocação.

“É uma doença caracterizada pelo ronco e episódios recorrentes de obstrução total [apneia] ou parcial [hipopneia] das vias aéreas superiores. O esforço respiratório, no entanto, é mantido. Quem sofre com a síndrome costuma apresentar sonolência excessiva durante o dia, sensação de sono não reparador, dificuldade de memória e concentração. Além disso, o quadro contribui para hipertensão, diabetes, arritmia, acidente vascular cerebral [AVC], dentre outros”, explica o otorrinolaringologista.

SINTOMAS NOTURNOS

Ronco alto

Paradas respiratórias

Despertares frequentes

Engasgos

Sono agitado

Nicturia (acordar para urinar mais de duas vezes)

Sudorese

Pesadelos

Pirose

SINTOMAS DIURNOS

Sonolência excessiva

Sono não reparador

Dificuldade de memória

Dificuldade de concentração

Diminuição da libido

Cefaléia matinal

Irritabilidade

Boca seca ao acordar

Fadiga