Como reconhecer se seu felino está doente

Médica veterinária lista dicas para os tutores identificarem sinais de alertas no pet. Foto: Pixabay

Os felinos são conhecidos por sua natureza independente e personalidade reservada, o que muitas vezes faz com que disfarcem sinais de doenças até que a condição já esteja em estágio avançado. Embora essa característica natural seja intrigante, ela representa um desafio para os tutores na hora de detectar precocemente problemas de saúde nos gatos.

“Na maioria das vezes, só notamos que algo está errado quando o quadro já está mais grave. Os primeiros sinais de que algo não vai bem são sutis e podem facilmente ser confundidos com um leve desconforto ou um ‘dia ruim’ do animal”, explica Marina Tiba Médica veterinária e Gerente de Produto da Unidade de Animais de Companhia da Ceva Saúde Animal.

Os felinos são conhecidos por sua natureza independente e personalidade reservada. Foto: Mariusz por Pixabay

Assim como ocorre com os humanos, o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso no tratamento de doenças. Quanto antes os problemas forem identificados, maiores serão as chances de cura ou controle da condição. Por isso, os tutores devem prestar atenção a pequenas mudanças no comportamento e rotina dos gatos, que podem ser indícios de problemas de saúde. Mas, quais sinais podem indicar que algo não vai bem com a saúde do felino?

Esconder-se com frequência

Embora os gatos sejam conhecidos por se esconderem em busca de descanso ou privacidade, quando começam a passar mais tempo escondidos que o normal, isso pode ser um indicativo de dor, desconforto, estresse ou medo. Situações como dores crônicas, infecções ou até mesmo problemas emocionais como ansiedade podem levar o gato a se isolar.

Situações como dores crônicas, infecções ou até mesmo problemas emocionais como ansiedade podem levar o gato a se isolar. Foto: Pixabay

Mudança no uso da caixa de areia

A observação da caixa de areia é uma das formas mais eficazes de monitorar a saúde de um gato. Alterações no padrão de uso, como a ausência de urina ou fezes, podem indicar problemas urinários ou digestivos, como infecções do trato urinário ou constipação. Gatos que urinam fora da caixa ou evitam a caixa podem estar enfrentando dor ao urinar ou dificuldade de movimentação, o que pode indicar desde infecções até problemas renais ou articulares.

Dificuldade de locomoção e mudança de comportamento

Os gatos são ágeis e conhecidos por suas habilidades físicas, como saltar grandes alturas. Quando o felino começa a evitar pular sobre móveis ou apresenta dificuldade para andar, saltar ou correr, isso pode ser um indicativo de problemas no sistema locomotor (ossos, músculos, articulações) ou no sistema neurológico. Isso pode incluir condições como artrite, comum em gatos mais velhos, ou problemas neuromusculares. Observar se o gato evita locais altos ou prefere ficar no chão é uma boa maneira de identificar essas mudanças.

Negligência com a higiene

Gatos são famosos por serem extremamente limpos, passando uma parte considerável do dia se lambendo e mantendo o pelo em boas condições. Quando um gato para de se limpar adequadamente e começa a apresentar pelos sujos, opacos ou emaranhados, esse é um sinal claro de que algo está errado. Esse descuido pode ser provocado por dores (que dificultam os movimentos), estresse, depressão, problemas dentários ou até doenças graves, como insuficiência renal.

Gatos são famosos por serem extremamente limpos, passando uma parte considerável do dia se lambendo e mantendo o pelo em boas condições. Foto: Pixabay

Agressividade repentina

Mudanças bruscas de comportamento, como agressividade em um gato normalmente dócil, podem ser sinais de dor ou desconforto. Doenças que afetam articulações, dentes, ou até o sistema digestivo podem causar dor suficiente para que o gato reaja de forma mais agressiva. Além disso, distúrbios neurológicos também podem provocar mudanças comportamentais. O tutor deve prestar atenção a sinais de agressividade inesperada em situações cotidianas.

Outros sinais de alerta importantes incluem:

  • Vômitos frequentes: Ocasionalmente, gatos podem vomitar bolas de pelo, mas vômitos frequentes podem indicar problemas mais sérios, como gastrite, problemas renais ou hepáticos.
  • Queda excessiva de pelos: A perda de pelos em grandes quantidades ou em áreas específicas pode ser sinal de estresse, alergias ou doenças de pele.
  • Dificuldade para urinar: Gatos com problemas urinários podem se esforçar ou vocalizar de dor ao tentar urinar. Essa condição é uma emergência médica.
  • Olhos e pele amarelados: A icterícia pode ser um sinal de problemas no fígado ou na vesícula biliar.
  • Olhos vermelhos ou secreção nasal: Infecções oculares ou respiratórias podem começar com esses sinais.
  • Apatia e falta de interesse: A perda de energia e interesse por atividades que o gato normalmente gosta pode ser um sinal de problemas, desde dores até depressão.

“Estar familiarizado com a rotina e personalidade do gato é fundamental para identificar quando algo está errado. Gatos são especialistas em esconder sinais de fraqueza ou doença, o que torna ainda mais essencial para os tutores estarem atentos às sutis mudanças no comportamento. Manter uma rotina de brincadeiras e interação é uma forma eficaz de observar a saúde do animal, já que mudanças na disposição física e emocional podem ser indicativos de algo mais sério. Além disso, consultas regulares ao veterinário e check-ups anuais são fundamentais para garantir a saúde a longo prazo dos felinos”, acrescenta a profissional.

A prevenção e a atenção aos pequenos sinais podem fazer toda a diferença na qualidade de vida dos gatos, garantindo que, mesmo com sua natureza reservada, eles possam viver saudáveis e felizes.