Situada entre as duas maiores capitais do país (Rio de Janeiro e São Paulo) e protegida pelos imensos campos de altitude do Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Casa da Bocaina é um conjunto de quatro casas incrustadas em um ponto cardeal de uma área de 37 alqueires de vegetação.

Mais conhecida por sua trajetória na moda, como uma das modelos internacionais mais requisitadas nas décadas de 1980 e 1990, Betty Prado adquiriu a propriedade quando tinha somente 23 anos. Após 16 anos morando no exterior e modelando, período em que também participou de um filme do diretor italiano Stefano Benni, Betty retornou ao Brasil para investir no cinema, tendo estrelado filmes de Walter Salles e Walter Hugo Khoury. Fincando moradia no país, prestou seu olhar 360º à curadoria e direção de projetos de branding para marcas como Phytoervas Fashion, Natura Formando Moda, Natura Maquiadores do Brasil e Motomix, entre outros.

Tentando conciliar sua agenda com a Escola da Cidade, cursou três anos do curso de Arquitetura e Urbanismo, o que lhe foi muito útil para desenhar e levantar as quatro casas que compõem a Casa da Bocaina. Um gesto projetual inovador, visto que, quando adquirido, o local só tinha pasto e, hoje, está totalmente reflorestado.

A Casa da Bocaina é circundada por uma cordilheira de montanhas de vegetação nativa, cujo epicentro é o Parque Nacional da Serra da Bocaina, criado no início da década de 1970. O local compreende uma área aproximada de 134 mil hectares e uma expressiva biodiversidade, reconhecida como Patrimônio Mundial pela Unesco em 2019.

Quando começou a construir no terreno, há 30 anos, Betty recorreu aos saberes locais para entender o que funcionaria melhor com o clima, a altitude e até mesmo o deslocamento, que, na época, era bem tortuoso. Em todas as casas percebe-se o uso de pedra rolada, cimento queimado, portas balcão de estábulos em madeira, vidro e transparência, criando ambientes amplos e luminosos.

A Casa da Bocaina não foi concebida originalmente como uma guest house. Porém, a sua pré-disposição expressiva para o bem acolher fez com que, naturalmente, se tornasse uma referência em hospitalidade, em que a sofisticação reside na simplicidade de suas anfitriãs e na proposta de gestão, serviços e experiências que o hóspede pode encontrar.

São quatro casas no total, sendo uma a residência de Betty e sua companheira, Thamy Silva, um espaço de ateliê criativo, a Colmeia, e as duas casas principais são a Casa Arco-Íris e a Casa Caipira, com 3 e 2 suítes, respectivamente. Existe ainda a possibilidade de privatização de todo o conjunto de casas para celebrações especiais, retiros e eventos de pequeno porte.

Uma piscina de pedra que recebe sua água corrente de uma nascente ocupa de forma magnânima o deck principal, de onde é possível avistar o nascer do sol por detrás das montanhas do Parque. Uma sauna semiúmida, também com vista para a natureza do entorno, fica ao lado da piscina. Percorrendo uma trilha de cerca de 15 minutos depara-se com uma cachoeira privada belíssima, batizada com o nome de Cachoeira das Meninas. Moradores da região, aliás, chamam carinhosamente a Casa da Bocaina de Casa das Meninas.

Há dez anos Betty Prado conta com a sensibilidade de Thamy. Enquanto Betty fica à frente das ideias criativas em torno da arquitetura e decoração, Thamy desenvolve os projetos sustentáveis, estreitando trabalhos colaborativos com a agricultura familiar, produção de orgânicos, manutenção da mata nativa, educação socioambiental e imprimindo um olhar minucioso na qualidade dos serviços.

“A pandemia reforçou a essência da Casa da Bocaina para acolher pessoas que buscam por um lugar de privacidade e sutilezas, de forma que permitisse uma reconexão consigo e com a natureza”, afirma Thamy.

Apesar de toda essa estrutura a Casa da Bocaina não se posiciona como um hotel nem deseja colocar-se nesse lugar. O fluxo natural dos hóspedes, da combinação de privacidade e, ao mesmo tempo, uma identificação de projeto de vida, sempre fluíram e, por vezes, resultaram em projetos e parcerias.

“É um índice grande, cerca de 98% dos hóspedes que recebemos até o momento foram de indicação de amigos”, afirma Betty.

Amigos esses que continuamente deixam a sua marca no local. Logo na entrada depara-se com uma grande instalação de Felipe Morozini. Nas paredes das diferentes casas há quadros de Jurandy Valença, um grafite de Rafa Silvares, as texturas das mantas de Ceyla Lacerda, telas de Hildebrando de Castro, peças dos irmãos Campana e uma grande ilustração da Casa Arco-Íris assinada por Filipe Jardim, além de fotos de Helmut Newton e Rochelle Costi – isso para mencionar apenas alguns nomes. “As peças foram ocupando seus espaços como se tivessem sido convocadas para isso, mas, na verdade, a dinâmica se estabeleceu organicamente, como se fosse uma extensão da nossa casa”, comenta Betty.

Da mesma forma intuitiva Betty cria os projetos de decoração a partir de objetos garimpados pelos países nos quais viveu e passou, e também nas feiras de antiguidades – um passatempo, aliás, que adora. A Casa Caipira, por exemplo, último espaço a entrar nessa coleção, foi concebido por ela em colaboração com estudantes de Arquitetura, e a decoração conta com peças do mundo todo, mas também de objetos garimpados na Feira do Bixiga, em São Paulo.

“Eu e Thamy temos uma relação de arrebatamento. Esse lugar nos causa um impacto diário, e é prazeroso ver que esse sentimento estende-se para quem fica conosco e para a comunidade do entorno” finaliza Betty Prado.

SERVIÇO:

• Todas as casas são equipadas com fogão a lenha, cooktop e geladeira e contam com os serviços de profissionais da culinária e da organização/limpeza. A solicitação dos serviços precisa ser realizada no momento da reserva.
• A própria Casa da Bocaina, tendo os seus guardiões caninos e felinos, aceita animais de estimação.
• A Casa da Bocaina está a 1.600 metros de altitude.
• Distância de São Paulo: cerca de 234 km.
• Distância do Rio de Janeiro: cerca de 244 km.

Casa Cristal – Com 110 m², a Casa Cristal é a residência de Betty e Thamy, onde costumam receber os amigos mais próximos.

Colmeia – Ateliê aberto para quem deseja criar e produzir, conta com um espaço de 48 m² e, quando não está ocupada por hóspedes e artistas, funciona como espaço gastronômico.

Casa Caipira – Disposta em 120 m² e com duas suítes, é o último espaço a adentrar na coleção da Casa da Bocaina e conta com obras de artistas como Ruy Teixeira, Pier Balestrieri, Jurandy Valença e Humberto Campana, além de peças garimpadas em antiquários e na Feira de Antiguidades do Bixiga.

Casa Arco-Íris – Composta por três quartos-suítes (um deles ao pé da montanha com deck privativo), sala de jantar, sala de estar, lareira e cozinha com fogão a lenha e cooktop, dispostos em 140 m².

Experiências: Piscina, sauna, cachoeira, cavalgadas, atelier de cerâmica, aulas de arquearia meditativa, massagens, degustação de queijos.