*Por Nivaldo Favaro Junior
Prestes a completar quatro anos de operação, o Pix se consolidou entre os meios de pagamento no Brasil. A modalidade de transferência imediata e gratuita de valores conquistou os brasileiros, tendo revolucionado seu cotidiano financeiro. Segundo dados do Banco Central (BC), em setembro passado, foram feitas 5,6 bilhões de transações por meio do Pix, com 169,3 milhões de usuários. Na comparação com igual período de 2023, as altas foram de 46,7% e 9,5%, respectivamente. No entanto, o sucesso não permite que as autoridades se acomodem. Como acontece com toda inovação, é necessário fazer ajustes constantes, para aprimorar o sistema e melhorar suas condições de segurança.
Com o Pix não é diferente. Sendo um meio de pagamento amplamente utilizado e aceito no País, ele precisa de monitoramento constante para prevenção, controle e solução de golpes e fraudes. Essa vigilância constante ajuda a manter a solidez e a confiabilidade desse meio de pagamento. Não por acaso, em 1º de novembro passam a valer novas regras do BC para o Pix. A intenção da autoridade monetária é reforçar a segurança para os usuários.
Uma das principais mudanças é a obrigatoriedade do registro de dispositivos pelos bancos para acesso completo ao sistema. Com essa nova regra, os usuários precisarão registrar seus aparelhos (celulares, laptops e desktops) para fazer transferências via Pix. Sem registro, o valor máximo por transferência será de apenas R$ 200, com teto diário de R$ 1.000. Na prática, essa medida visa restringir as movimentações por meio de dispositivos novos ou desconhecidos, garantindo mais segurança nas situações em que o acesso bancário ocorre via aparelhos de terceiros o que é muito comum no vazamento de dados ou em roubos de logins e senhas.
Em outra frente de atuação, o BC incentiva as instituições financeiras a adotarem métodos mais eficazes para identificação de transações fora do perfil de comportamento de cada usuário. Com essa ação, pretende levar os bancos a prevenirem fraudes de forma proativa. Nessa mesma linha, o BC passa a exigir que as instituições financeiras promovam internamente verificações periódicas de clientes abordagem conhecida como “know your customer” (KYC) a cada seis meses. A ideia é que as instituições comparem os dados com registros de fraudes mantidos pelo BC.
Em conjunto, essas ações têm um duplo efeito positivo. Além de contribuírem para reduzir os problemas com golpes e fraudes relacionados ao Pix, tendem a fortalecer todo o ecossistema financeiro. Isso porque elas dificultam a ação de criminosos que frequentemente trocam de dispositivos para evitar rastreamento seja em fraudes com Pix ou com outros instrumentos do mercado financeiro. Em outras palavras, a proteção do sistema como um todo deve ficar ainda mais robusta.
O aniversário de quatro anos do Pix não tem apenas novidades ligadas à questão de segurança. O BC também passa a adotar inovações esperadas já há algum tempo. Um bom exemplo é o Pix recorrente, que deve começar em 2025. Essa ferramenta vai permitir o pagamento automático de contas de consumo (água, luz, telefonia, entre outras), o que vai proporcionar maior comodidade tanto para os clientes quanto para os fornecedores.
Aos poucos, com a ajuda da boa aceitação do Pix, funcionalidades como o DDA (débito direto autorizado) e o Pix recorrente tendem a superar as resistências iniciais dos usuários e ganhar cada vez mais adesões. Isso vai acontecendo à medida que essas ferramentas se provam eficazes em aumentar a segurança e a conveniência nos pagamentos de serviços essenciais. Essas inovações oferecem benefícios não apenas aos consumidores, mas também aos fornecedores, que podem contar com uma maior previsibilidade financeira.
Todo esse contexto reflete uma evolução natural do ecossistema de pagamentos instantâneos no Brasil, puxada pela ampla adoção do Pix no Brasil. E, com as melhorias contínuas, o sistema se adapta às demandas do mercado ao mesmo tempo em que aprimora a segurança, criando oportunidades de produtos e serviços em diversos setores que já utilizam o Pix como principal meio de movimentação financeira.
Engenheiro de implementação APM (Métodos Alternativos de Pagamento) da Nuvei.